Título: HBB suspende cirurgias
Autor: Renata Camargo
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, Brasília, p. D5

Medicamento e material só para as urgências

Falta de materiais e medicamentos básicos como luvas e anestesias no Hospital de Base de Brasília (HBB) levou, ontem, a suspensão de mais de 20 cirurgias eletivas (não-urgentes) agendadas para o dia. A ação, tomada por parte da equipe médica do hospital, foi um protesto contra as precárias condições de trabalho nos hospitais da rede pública do Distrito Federa. As cirurgias de emergência foram realizadas normalmente. - A escassez de materiais e remédios é grande e o pouco que existe deve ser usado para as emergências - justifica o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Eduardo Guerra.

Como medida de urgência, a Secretaria de Saúde iniciou, no fim da tarde, um remanejamento de materiais e medicamentos de outros hospitais regionais para o HBB.

Para o diretor do HBB, José Carlos Quinaglia, a atitude de suspender as cirurgias eletivas foi necessária para atender as cirurgias de emergências.

Para a médica anestesista Lucila Farias, a atitude foi um sinal de alerta para as difíceis condições de trabalho na rede pública de saúde e que são recorrentes. Na manhã de ontem, a equipe de anestesia do HBB encaminhou para o Conselho Regional de Medicina do DF, um documento afirmando que não há mais como continuar trabalhando nas atuais conjunturas.

- Nossos salários são pagos em dia. Mas é impossível trabalhar onde falta o básico para atender um paciente. Os colegas trazem medicamentos e materiais de outros hospitais. Há um desrespeito contínuo aos pacientes e aos médicos - afirma Lucila.

Segundo o presidente do CRM, na quinta-feira, a instituição iniciou uma fiscalização no Hospital de Base. A idéia é avaliar as condições de trabalho dos hospitais regionais, principalmente onde são oferecidos os cursos de residência médica.

- A secretaria não está dando a devida importância. Não está entendendo a gravidade do problema, em especial a questão da diligência dos cursos de residência - afirma Guerra.

Residentes - Médicos residentes do DF retornaram às atividades normais a partir das 0h de ontem. Segundo o presidente da Associação Brasiliense dos Médicos Dirigentes, André Borba, o fim do movimento já estava previsto. André afirma que a paralisação de uma semana, iniciada no último dia 15, foi um movimento de advertência.

- Neste sentido tivemos sucesso. O grande objetivo é a melhoria das condições de trabalho. Isto ainda estamos buscando - diz Borba.

Para a próxima sexta-feira, está prevista uma nova assembléia da categoria. Segundo Borba, serão avaliados os impactos da paralisação e traçadas novas estratégias.