Título: Histórico de crimes e infrações
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 19/02/2005, País, p. A3

O pecuarista Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, um dos quatro suspeitos de envolvimento no assassinato da missionária americana Dorothy Stang, também está sendo investigado por trabalho escravo. No ano passado, foram libertados 13 trabalhadores em situação análoga à de escravidão na Fazenda Rio Verde, em Anapu, de propriedade do suspeito. Bida teve a prisão decretada pela Justiça A exploração de mão-de-obra escrava foi descoberta durante força-tarefa, que reuniu representantes do Ibama, a Polícia Federal e fiscais do trabalho, em 28 de junho de 2004. De acordo com o procurador Ideraldo Machado, do Ministério Público do Trabalho do Pará, os trabalhadores estavam alojados em barracos de palha com teto de lona preta, sujeitas a ataques por animais silvestres, sem água potável e carteira assinada.

O procurador contou que Vitalmiro reconheceu que teria de fazer a contratação dos empregados, mas se recusou a pagar, inicialmente, os direitos. O crime de trabalho escravo deverá ser julgado pela Justiça do Trabalho de Marabá. A delegada, Virgínia Rodrigues, explicou que o inquérito foi instaurado em Altamira, onde existe apenas um posto da PF.

Vitalmiro Bastos de Moura também já foi autuado duas vezes pelo Ibama. Segundo o gerente-executivo do órgão no Pará, Marcílio Monteiro, no ano passado, o fazendeiro recebeu duas multas, no valor total de R$ 3 milhões, por desmatamento e por ter provocado incêndio numa Área de Preservação Permanente.

De acordo com o representante do Ibama, outro fazendeiro suspeito de participação na morte de Dorothy, Regivaldo Pereira Galvão, também foi autuado por fiscais do órgão. Ele foi multado em R$ 750 mil por provocar incêndio em 500ha de floresta nativa.