Título: No Rio, PMDB se livra do DEM e expõe fratura
Autor: Vieira, Pedro
Fonte: Jornal do Brasil, 10/06/2008, País, p. A4

Partido está a um passo de lançar candidato próprio.

O PMDB, enfim, decidiu o seu destino. Na verdade, só uma parte dele. Em reunião, ontem, na sede do partido, os peemedebistas deram uma coisa como certa: a aliança com o DEM, formada ¿ mas nunca firmada ¿ no ano passado, foi revogada. Só vai dar pra saber se a candidatura própria vai vingar, definitivamente, no dia 22 de junho, data da convenção do partido. Até lá, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, presidente estadual da legenda, "não garante" a candidatura de ninguém. Também ficou decidido que as direções municipais devem buscar a melhor solução para os municípios privilegiando essa alternativa.

A novela durava desde o ano passado, quando o partido foi prometido ao DEM. Porém, com os flertes contínuos entre o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a legenda largou as promessas de lado e caiu nos braços do PT. O romance durou pouco. Na quinta-feira o partido separou-se de seu aliado na base governista. Restava ao DEM acreditar que o PMDB voltaria para seus braços.

Em encontro com delegados e representantes do PMDB ¿ entre eles, Garotinho e o deputado estadual Jorge Picciani ¿ o partido decidiu revogar o acordo de uma aliança com o DEM e resolveram optar pela candidatura própria. Resta, agora, esperar pela convenção do partido, no dia 22 de junho, que vai decidir quem a legenda vai lançar. Até agora os mais cotados são o deputado Marcelo Itagiba e o ex-secretário de Esporte e Turismo, Eduardo Paes.

Ataque aos federais

A reunião, na sede do partido, tinha como objetivo, decidir se o PMDB iria de candidatura própria ou se ia apoiar o DEM. Após votação, os representantes abriram o auditório para anunciar a decisão.

Garotinho, após um pronunciamento inflamado sobre a revista que a Polícia Federal (PF) fez em sua casa, sem provas, começou a contar a saga recente do partido.

¿ Ano passado, o PMDB tinha três posições públicas: Garotinho defendendo candidatura própria; Picciani defendendo aliança com o DEM; Sérgio Cabral defendendo aliança com o PT ¿ lembrou Garotinho, que aproveitou para ressaltar a lealdade do DEM ¿ Em setembro, o diretório estadual aprovou uma aliança com o Democratas, em todo Estado, inclusive na capital. E o Democratas cumpriu sua parte fazendo intervenções em vários diretórios, entregando esses diretórios para apoiar os candidatos do PMDB.

Logo em seguida, o ex-governador aproveitou para atacar o seu companheiro de partido e grande desafeto, Sérgio Cabral.

¿ Cabral, contrariando a decisão do diretório, queria Eduardo Paes no PMDB e garantiu a Paes que seria o candidato do partido ¿ recordou. ¿ O diretório estadual analisou um pedido de impugnação da filiação de Eduardo Paes ao PMDB. Mas arquivamos o pedido de impugnação com uma condicionante: de que ele entrasse como "soldado" e não como candidato.

Depois de críticas à aliança com o PT e de mais algumas cutucadas no governador do Rio, Garotinho convocou o nome da unidade do PMDB para declarar que uma nova decisão faria o partido "sangrar" em alguns municípios, mas que respeitaria a palavra da base.

Em seguida a palavra foi dada a Jorge Picciani. O deputado preferia falar somente na convenção do partido. Porém, leu a decisão a que chegou o PMDB, ontem.