Título: Beltrame: prisão de milicianos é uma questão de tempo
Autor: Thurler, Fernanda
Fonte: Jornal do Brasil, 10/06/2008, Cidade, p. A10

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou ontem ao Jornal do Brasil que já tem pelo menos 10 pessoas identificadas no caso da milícia do Batan, em Realengo, onde uma equipe de reportagem do jornal O Dia foi torturada. Beltrame, garante que a sociedade terá a resposta que espera e ressaltou que as milícias, na maioria dos casos, são piores do que os traficantes. Ele afirmou ainda ter mais de 100 áreas sendo investigadas atualmente por conta de denúncias sobre atuação de milícias.

¿ Além de já termos chegado aos nomes de dois dos gerentes e prendido um deles há pouco, há mais gente identificada, e vamos pegar os envolvidos ¿ garantiu Beltrame, em entrevista por e-mail.

O secretário lembrou que já expulsou 60 PMs por conta deste tipo de ação, mas reconhece que não há tipificação do crime, o que dificulta acusar e prender as pessoas por conta da prática.

¿ As pessoas testemunham um crime, reconhecem os bandidos e, depois, diante do delegado, retiram tudo que disseram. Quem prende é a Justiça. Nós precisamos fazer o trabalho concreto, de investigação, e isso leva tempo. As pessoas precisam entender é que a prisão de milicianos depende de provas fortes, concretas. Você não vê um miliciano defendendo uma boca-de-fumo e por isso não tem provas ¿ conclui.

Questão social

Ele disse ainda que a milícia já foi expulsa da favela do Batan e que elas são produtos de um caldo cultural que predomina nas classes menos favorecidas economicamente. Segundo Beltrame, produzir provas contra esse tipo de crime é complicado.

¿ A milícia trabalha com oportunidade. A polícia pode reprimir, combater, prender, mas as carências que abrem espaço para a atuação desses grupos e dos narcotraficantes não são nossa culpa.

A inteligência continua sendo a maior arma da Secretaria de Segurança, segundo o próprio Beltrame, para combater o crime organizado. Ele garante ter investigações em pelo menos 100 áreas da cidade só sobre este tipo de crime e por isso, defende a iniciativa da comissão do Congresso que pretende criar uma lei para tipificar o "trabalho dos milicianos".

¿ Não posso dar detalhes das nossas investigações por motivos óbvios ¿ disse o secretário de Segurança.