Título: Um ano de aumentos seguidos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/06/2008, Economia, p. A18

Percentual de 12,14% é a maior marca desde 2004.

O resultado do IGP-DI (Índice Geral de Preços ¿ Disponibilidade Interna) de maio acendeu um sinal de alerta: a inflação bateu recorde no mês e fechou em 1,88%, a mais alta taxa desde os 2,17% registrados em janeiro de 2003, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ).

Nos últimos 12 meses até maio, o índice acumulou alta de 12,14%. Trata-se da maior marca desde os 12,23% de novembro de 2004.

Pressionado por fortes reajustes de minério de ferro, aço, combustíveis e commodities agrícolas, os preços no atacado foram, mais uma vez, os vilões. O Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu 2,22% e registrou mais um recorde negativo: foi o mais elevado percentual desde os 3,14% registrados em dezembro de 2002.

Diante de reajustes tão fortes e persistentes, a inflação já se mostra mais disseminada.

¿ O IGP-DI indicou que há uma alta mais generalizada dos preços, especialmente dos industriais no atacado¿ diz o economista Rafael Castro, da LCA.

Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, acredita que a pressão de maio foi pontual e que o "espalhamento" maior de reajustes tende a não se repetir nos próximos meses.

Varejo prejudicado

Não quer dizer, porém, que Salomão espere taxas muito mais baixas nos meses seguintes, mas "em maio foi registrada uma conjuntura negativa de reajustes, que deve se dissipar no futuro", diz.

Entre as altas de destaque no atacado, o economista cita os combustíveis, o aço e o minério de ferro, cujos ciclos de aumento já estão próximos do fim.

Parte dos aumentos no mercado atacadista contamina o varejo. O resultado foi a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), cuja alta passou de 0,72% em abril para 0,87% no mês passado.

Os repasses foram mais fortes nos preços dos alimentos, que subiram 2,33% em maio ¿ a alta em abril havia sido de 1,69%. Os destaques ficaram com o pão francês (alta de 7,08%), batata (18,87%), arroz (16,95%), tomate (11,45%) e leite longa vida (3,55%).

Focus

Novamente, o boletim Focus revisou para cima as previsões para juros e inflação em 2008. De acordo com analistas, a pesquisa semanal mostra que a taxa básica de juros termine 2008 em 14% ao ano ante a previsão de 13,75% ao ano sugerida na semana passada.

Para o fim de 2009, os analistas ouvidos pelo Banco Central no relatório mantiveram a previsão de que a Selic estaria em 12,50%.