Título: Minc discute a polícia ambiental
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2008, País, p. A7
Ministro visita a sede da Fiesp e ganha apoio dos empresários para proibir etanol na Amazônia
são paulo
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse, ontem, que o governo intensificará o combate ao desmatamento na Amazônia. Ele reúne-se hoje, em Brasília, com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para discutir a criação da Força Nacional Ambiental, que vai atuar junto da Polícia Federal e Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Sustentáveis (Ibama) no combate ao desmatamento. E garantiu que a região não é o local adequado para a expansão da cultura de etanol, como defende o goveno no exterior.
Minc explicou que a polícia, sozinha, não resolve o problema da região.
¿ Só a polícia não resolve ¿ garantiu. ¿ Vamos ter mais polícia. Inclusive amanhã (hoje) vamos estar conversando com Tarso Genro sobre o criação da Força Nacional Ambiental.
No entanto, afirmou que o policiamento será ampliado.
¿ Essa linha da Operação Arco de Fogo (de combate ao desmatamento), da repressão e fiscalização, que é necessária, será intensificada ¿ assegurou o ministro após reunião na Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Contingente inicial
Segundo ele, a Força Nacional Ambiental será composta por 500 homens, inicialmente. Numa segunda etapa, haverá realização de concurso para contratação de mais pessoal.
¿ O presidente Lula já anunciou concurso para formação de pessoas que vão ser profissionalizadas ¿ informou. ¿ A idéia é ter um núcleo concursado e trabalhar com batalhões florestais de cada Estado dando para eles qualificação e recurso para transporte, combustível, helicóptero, armamento, onde couber.
Minc disse que a Polícia Rodoviária Federal também entrará na Operação Arco de Fogo.
¿ Além das serrarias e das áreas desmatadas, vamos controlar entroncamentos, que é transporte de mercadorias ilegais sem certificação ¿ garantiu
O ministro afirmou que o combate ao desmatamento será acompanhado de medidas de incentivo ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.
¿ Medidas como preço mínimo para os produtos do extrativismo, recursos para legalização fundiária e das reservas legais e indústria limpa ¿ detalhou. ¿ Queremos dar alternativas para 25 milhões de pessoas que moram na Amazônia sobreviverem com dignidade sem destruir a biodiversidade. A Amazônia não é lugar para etanol.
Zoneamento econômico
E acrescentou:
¿ Achamos que a Amazônia não é lugar para etanol. Não é adequado, porque está longe dos grandes centros, nem o solo é adequado ¿ disse ele.
Minc voltou a falar no chamado Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE), para definir a ocupação das áreas da região.
¿ Com o apoio do Ministério, dois Estados já concluíram: Acre e Rondônia ¿ explicou. ¿ E três vão concluir agora: Maranhão, Mato Grosso e Pará.
O ministro disse que o ZEE deve ser concluído até 2009 e que será um "bom canal de negociação com agronegócio que quer regras claras e definidas. O que pode, onde pode e como pode".
Preocupações
Em sua defesa dos biocombustíveis, as autoridades brasileiras têm insistido em rebater as preocupações dos críticos sobre o desmatamento da Amazônia em razão das plantações intensivas para a produção do etanol.
Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assegurou que a produção deste biocombustível no Brasil é feita fora das regiões de floresta tropical, durante um encontro internacional na Eslovênia.