Título: Inflação e endividamento seguram o consumo
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2008, Economia, p. A17

O consumo das famílias, um dos principais vetores do crescimento econômico nos últimos meses, cresceu apenas 0,3% na passagem do quarto trimestre de 2007 para o primeiro deste ano, e deverá reduzir-se mais ao longo de 2008, diante de um quadro inflacionário mais intenso e do maior endividamento da população. É o que apontam economistas que projetam, ainda assim, crescimento em torno de 5% neste ano no país:

¿ A inflação é um ponto decisivo, já que está chegando no bolso do consumidor agora. Acho difícil que o desempenho da economia desabe, mas a inflação poderá ter efeito um pouco maior ¿ diz o diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Júlio Gomes de Almeida.

Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getúlio Vargas do Rio, diz que o crescimento dos gastos do governo (de 4,5% no trimestre e 5,8% no ano) causou aumento de 6,6% no consumo no ano completado em março.

¿ Num momento em que a alta da inflação está determinando elevação de juros, os gastos maiores do governo fazem com que o remédio amargo tenha que ser mais forte ¿ diz Barbosa Filho.

Almeida, entretanto, não considera relevante a alta do consumo do governo, que têm peso três vezes menor que o consumo das famílias, e considera que o incremento constatado de janeiro a março ocorreu em função do calendário eleitoral, que limita os gastos do Executivo durante a campanha.

Taxa de investimento cresce

Ambos os economistas consideram bastante positiva a elevação de 15,2% na taxa de investimento, que ficou em 18,3% do PIB no primeiro trimestre do ano

¿ Aparentemente, o crescimento está estabilizado em um bom patamar, que não é explosivo como alguns apontavam. A economia desacelerou, o consumo das famílias também, mas o investimento se manteve ¿ explica Almeida.

¿ O país continuará crescendo, a taxas mais baixas, pois as mudanças na política monetária começarão a ser sentidas em dezembro ¿ conclui Barbosa Filho.

Em nota, a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) afirmou que os dados divulgados pelo IBGE reforçam a necessidade de redução da pressão dos gastos públicos.