Título: Indústria e investimento puxam PIB
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2008, Economia, p. A17

Riquezas produzidas pelo país até março sobem 5,8% no melhor resultado em 12 anos.

A economia brasileira cresceu no maior ritmo dos últimos 12 anos em um ano. E mesmo com exportações em queda, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou mais no primeiro trimestre do que em 2007, quando as vendas externas ainda eram positivas. Com aumento de 5,8% (R$ 665,5 bilhões) no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado ¿ a mesma taxa dos últimos 12 meses ¿ o PIB refletiu a força da indústria e dos investimentos realizados para sustentar o consumo das famílias brasileiras, que cresceu pelo 18º trimestre consecutivo.

Os economistas, contudo, tratam com ar de despedida os números divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O robusto PIB deve começar a esbarrar na alta dos juros no segundo semestre, de acordo com o próprio órgão, que é atrelado ao Ministério do Planejamento. A inflação em alta também tende a inibir o consumo das famílias nos próximos meses. Há quem diga ainda que a economia já começou a dar sinais de desaceleração. O PIB cresceu 0,7% em relação ao quarto trimestre do ano passado, taxa menor que a do trimestre anterior. Mas, como ponderou o IBGE, a base de comparação do quarto trimestre (1,6% de alta em relação ao terceiro trimestre de 2007) é muito elevada para ser mantida por vários trimestres seguidos.

Ritmo acelerado

Os investimentos ainda crescem no ritmo acelerado que marcou o ano passado. Alcançaram a marca de 18,3%, a mais elevada desde o primeiro trimestre de 2001. A Formação Bruta de Capital Fixo, que reflete os recursos aplicados na indústria, na construção civil, nos bens de capital, disparou 15,2% no primeiro trimestre. Por trás do boom dos investimentos, a demanda aquecida e a então taxa de juros básicos de 11,25% ao ano estimularam os empresários, segundo o IBGE.

Os juros comportados até o começo do ano também estimularam segmento de intermediação financeira, que inclui o ganho dos bancos com operações de crédito. Graças ao aumento de 33% nos empréstimos a pessoas físicas, o segmento cresceu 15,3% no começo do ano. No mesmo período do ano passado, o segmento cresceu 9,3%.

Embalado pelo aquecido financiamento imobiliário e pelas obras de infra-estrutura do governo, o setor de construção civil deu um salto de 8,8%. Aliás, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já começou a influenciar o PIB diretamente. O consumo do governo cresceu 5,8%, influenciado, também pelo período eleitoral. Já o consumo das famílias, que responde por cerca de 60% de todo o PIB, aumentou mais: 6,6% no primeiro trimestre.

¿ O consumo das famílias continua crescendo em função do aumento da massa salarial e da oferta de crédito, aliado aos juros mais baixos. Ao mesmo tempo, a contribuição do setor externo foi muito negativa no trimestre ¿ afirmou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

Tanto consumo levou a indústria a produzir mais e aumentar a participação no PIB. O setor cresceu 6,9% com empurrão dos segmentos de máquinas e equipamentos, automóveis, material elétrico, metalurgia e energia elétrica. A extrativa mineral cresce abaixo da média, com aumento de 3% da produção de petróleo e de 10,8% de minério de ferro. A agropecuária também ficou na lanterna da economia e cresceu 2,4%.

O setor de serviços, por sua vez, aumentou 5%. Além dos bancos e financeiras, empresas que atuam em serviços de informação exibiram crescimento de 9,5%. O comércio aumentou 7,7%.