Título: Obama quer aproximação com Brasil
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/06/2008, Internacional, p. A21

Democrata classifica Chávez de "ameaça administrável" e promete rever política de imigração.

Em contraste às restrições dirigidas ao trato com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez ¿ classificado como uma "ameaça administrável" ¿ o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu uma maior aproximação com o Brasil focada "nas formas mais limpas de energia".

Ao terminar a guerra no Iraque, "poderemos voltar a nos concentrar na América Latina", resumiu Obama, prometendo mudar a política externa de isolamento regional da América Latina, que caracterizou os dois governos de George Bush.

Imigração

Uma das primeiras coisas que fará quando chegar à Casa Branca será rever as operações policiais de repressão aos imigrantes ilegais e as deportações, declarou Obama:

¿ Não creio que prender uma mãe, separá-la de seu filho e deportá-la, sem medir as conseqüências disso, seja a forma americana de fazer as coisas ¿ disse o democrata em referência ao caso do menino cubano Elián González que, aos sete anos foi separado da mãe, imigrante clandestina nos EUA, e protagonizou uma das maiores crises nas difíceis relações entre Cuba e os Estados Unidos.

O fronteiriço México será sua prioridade na América Latina. O senador pelo Estado de Illinois antecipou que vai sugerir uma reforma na política migratória já em seu primeiro ano de mandato.

¿ Vou me aproximar do México de uma maneira que o atual governo de George Bush não fez com vistas a promover o desenvolvimento econômico e a criação de vagas no mercado de trabalho. Teremos menos ilegais chegando aos EUA.

As declarações foram dadas ao jornal chileno El Mercurio. Na entrevista, Obama se disse aberto a dialogar com os governos venezuelano e cubano caso seja eleito em novembro.

Ao considerar a Venezuela como uma "ameaça administrável", Obama frisou que "esse não é o tipo de vizinho que desejamos":

¿ Sabemos, por exemplo, que ele pode ter tido envolvimento no apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), prejudicando um país vizinho. Acredito ser importante, por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA) ou da Organização das Nações Unidas (ONU) adotar sanções indicando que esse tipo de comportamento é inaceitável.

Diplomático

No entanto, o candidato disse ser partidário de uma diplomacia direta com a Venezuela e com os demais países do mundo:

¿ Eu daria início a negociações como os nossos inimigos de Cuba e da Venezuela. Eu cancelaria as restrições de viagem aos que têm parentes em Cuba. E quero unir-me a países como o Brasil para buscar formas mais limpas de energia.

Obama foi específico ao comparar os programas econômicos dos Estados Unidos na região:

¿ Aprovei o Tratado de Livre Comércio com o Peru, mas me oponho ao da Colômbia até termos certeza de que líderes sindicais não estão sendo mortos ali. É preciso colocar fim a esse tipo de ação paramilitar.

Virada

O candidato que conquistou a vaga do Partido Democrata nas eleições presidenciais ao derrotar a ex-primeira-dama e senadora Hillary Clinton começou a recuperou o apoio das mulheres, que estavam com Hillary. Segundo uma pesquisa do instituto Gallup, o grupo recuperado lhe dá uma vantagem de 7% sobre seu adversário, o republicano John McCain.

Entre as últimas primárias democratas de 3 de junho e esta segunda-feira, a vantagem de Obama sobre McCain no eleitorado feminino chegou a 13 pontos (51% contra 38%), quando era apenas de 5 pontos antes de Obama conseguir a indicação democrata.

Gallup destaca que, inclusive, a base eleitoral mais sólida de Hillary Clinton - as mulheres de 50 anos ou mais - se inclina por Obama, que nessa faixa tem uma intenção de voto de 47%, contra 41% de McCain.