Título: Governo desiste de estatizar Varig
Autor: Mariana Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 19/02/2005, Economia, p. A19

José Alencar recua e afirma que solução para a companhia aérea passará pela nova Lei de Falências

O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, afirmou ontem que a reestruturação da Varig vai ser construída com base na nova Lei de Falências, sancionada este mês. Alencar descartou a solução apontada por ele mesmo no mês passado: a estatização da companhia e a venda posterior para a iniciativa privada.

- Agora, nós estamos sob a égide da nova Lei de Falências, que contempla a recuperação judicial - explicou Alencar ao sair de reunião com o presidente da companhia aérea, Carlos Luiz Martins, o comandante da aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, representantes do Unibanco, da consultora Trevisan e da Fundação Ruben Berta, atual controladora da companhia.

Não foi divulgado um cronograma do atual projeto, iniciado ontem. Alencar, no entanto, acredita que a proposta será finalizada em tempo hábil de ser implantada tão logo as regras da nova lei entrem em vigor, o que acontecerá em maio.

A proposta mais agressiva, de vender a companhia para outro controlador - sem passar pela mão do governo, maior credor da companhia -, também foi descartada.

- Não podemos falar em venda porque temos um problema de enquadramento na lei - afirmou o vice-presidente, referindo-se à possibilidade de recuperação judicial e extrajudicial. - Os trabalhos que estão sendo feitos (por Unibanco e Trevisan) visam chegar, no prazo já em condições de implementar, com base na lei, a reestruturação da companhia - acrescentou.

O presidente da Varig saiu da reunião sem comentar o assunto, assim como os representantes da Fundação Ruben Berta.

Também ontem, o presidente da Infraero, Carlos Wilson, informou que vai pedir à Vasp - que teve as rotas para vôos regulares canceladas em 26 de janeiro - que devolva os espaços ocupados pela empresa nos aeroportos.

- Se não está pagando e não está usando, então devolve - disse Wilson. Desta forma, segundo ele, a empresa evita também o aumento da sua dívida com a Infraero.

Carlos Wilson afirmou que a Infraero tentará negociar a proposta com a Vasp, e que não pretende discutir o assunto na justiça por enquanto.

- Não temos interesse de ir para a Justiça. O ideal é um acordo - disse.

Com agências