Título: Governistas pedem, mas Lula não pretende defender a causa
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Jornal do Brasil, 13/06/2008, País, p. A3

A imposição do Palácio do Planalto em permanecer oficialmente longe da autoria da Contribuição Social para a Saúde (CSS) ¿ a chamada de nova CPMF ¿ pode enterrar a criação do imposto no Senado. A exigência dos líderes governistas em troca de apoio e engajamento em corpo a corpo pela CSS é que a cúpula do governo assuma a paternidade do tributo ¿ aprovado na quarta-feira.

A avaliação dos governistas é que o desgaste diante da opinião pública precisa ser repartido. Os oposicionistas, por outro lado, sustentam que não há espaço para diálogo e consideram enterrada a CSS. O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), reconhece que o placar apertado na Câmara por apenas dois votos, demonstra a resistência dos deputados e senadores para aumentar a carga tributária, ainda mais em ano eleitoral. Casagrande acredita que se o Planalto participar diretamente das negociações a situação pode ser contornada.

¿ Se o governo não se envolver nessa articulação, a chance no Senado é perto de zero ¿ diz. ¿ Pessoas que votaram a favor da CPMF podem votar contra a CSS.

O presidente Lula, no entanto, parece que ainda não entendeu o recado da base. Ontem, insistiu em dizer que a CSS é assunto da bancada da saúde.

¿ A CSS é uma criação do Congresso Nacional. O governo não participa de articulação. Os companheiros deputados e senadores que são ligados à área da Saúde criaram a CSS, e eu penso que agora vamos aguardar o resultado. O governo não vai articular, o governo não vai se meter ¿ avisou Lula.

Os governistas reclamam ainda da forma como líderes da base apresentaram a CSS.

¿ Não vejo possibilidade de a (nova) CPMF ser aprovada por lei complementar no Senado ¿ diz o líder do PP no Senado, Francisco Dornelles (PP-RJ). - Não estamos falando em retirada de receita, mas em aumento da carga tributária ¿ completa Dornelles. O senador votou a favor da CPMF, mas justifica que foi por questões orçamentárias. O senador Jefferson Praia (PDT-AM), que assumiu na semana passada a vaga deixada pelo senador Jefferson Peres, segue o discurso de Dornelles e acrescenta que diante do crescimento e do equilíbrio econômico registrado pelo País é difícil se pensar em um novo tributo. (M. F.)