Título: Suposto chefe do Batan se entrega
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2008, Cidade, p. A11

Inspetor lotado na 22ª DP (Penha) é acusado de ter comandando tortura a jornalistas de "O Dia"

O inspetor policial, Odinei Fernando da Silva, conhecido como 01, acusado de ser o chefe da milícia da comunidade do Batan, em Realengo, se entregou ontem na sede da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), na Zona Portuária. O inspetor, lotado na 22ª DP (Penha), é apontado como o homem que comandou a torturou aos jornalistas de O Dia no dia 14 de maio.

Durante os 45 minutos de depoimento, Odinei negou ter qualquer envolvimento com a milícia e com a tortura dos jornalistas. De acordo com o advogado André Gomes, o inspetor estava em uma festa familiar na comunidade de Catiri, em Bangu, Zona Oeste da cidade, onde ficou até às 5h.

¿ Ele não participa de nenhuma milícia e não sabe por que estão ligando o nome dele a esse caso ¿ afirmou o advogado, informando que Odinei só se apresentou agora pois estava adoentado e abalado com a morte de um sobrinho de quatro anos por leucemia.

Odinei foi encaminhada a Bangu oito e cumprirá pena por 30 dias, que poderão ser prorrogados por mais 30.

10 policiais sob investigação

O titular da Draco, Claudio Ferraz, informou que pretende reunir provas para prender mais 10 policiais militares que também fariam parte do grupo do Batan.

¿ Quando consolidar a investigação e tiver elementos suficientes, assim como foi com o 01 e 02, tomaremos a mesma atitude, solicitaremos a prisão dos responsáveis ¿ anunciou Ferraz.

Há duas semanas, Davi de Araújo, de 32 anos, apontado como o segundo na hierarquia do Batan, foi preso por policiais da Draco. Ele cumpria pena por roubo e receptação e estava em regime semi-aberto no presídio Plácido de Sá Carvalho, em Bangu. De acordo com Gomes, os dois se conhecem e foram criados na mesma rua em Bangu.

Os acusados foram reconhecidos pelas vítimas através de fotografias. De acordo com o delegado, mesmo com os bandidos encapuzados, as vítimas identificaram vozes e porte físico dos milicianos.

Na semana passada, uma bomba artesanal foi lançada contra a 35ª DP (Campo Grande). O delegado Marcus Neves atribuiu o atentado às milícias da Zona Oeste, e informou que acredita que os responsáveis pelo crime tenham sido os grupos liderados pelo vereador Jerominho e o deputado Natalino, que pode ser expulso do Democratas, partido pelo qual se elegeu. O delegado de Campo Grande está preparando uma lista com cerca de 40 nomes de policiais militares e civis e agentes penitenciários acusados de integrar a milícia, que se autodenomina Liga da Justiça. Os delegados da Draco e 35ª DP foram ameaçados de morte por milicianos há algumas semanas.