Título: Oposição inicia semana no calcanhar de Dilma
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2008, País, p. A4

Depoimento de Denise Abreu sobre Anac será quarta.

Brasília

O cerco à chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, volta à pauta de prioridades da oposição. Tucanos e democratas apostam todas suas fichas no depoimento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, que ocorre na quarta-feira, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado.

Denise vai falar sobre a venda das companhias aéreas Varig e Varig Log. A ex-integrante da Anac acusa a ministra de ter interferido na negociação a favor do fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.

Além da ex-diretora, mais 11 pessoas serão ouvidas pela comissão, sendo sete nesta quarta. Para desviar a atenção em torno das acusações contra Dilma, os governistas emplacaram os depoimentos do ex-diretor da Anac, Milton Zuanazzi, e do juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro Luiz Roberto Ayoub. Os governistas, inclusive, já preparam um arsenal de perguntas e até questionamentos sobre a postura da ex-diretora da Anac. A idéia é levantar suspeita sobre a credibilidade das acusações.

Amigo de Lula

A oposição, por outro lado, acredita que consegue incomodar a cúpula do governo com o relato, na comissão, do advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula e, que de acordo com Denise, teria usado seus contatos junto ao governo federal para obter vantagens financeiras para os compradores da Varig e da VarigLog, subsidiária que opera no transporte de carga.

A expectativa do PSDB e do DEM é de que a vida da ministra pode ser complicada com os depoimentos do procurador Manuel Felipe Brandão e dos ex-diretores da Anac Leur Lomanto e Jorge Veloso, que confirmam as denúncias de Denise.

A oposição espera ouvir os primeiros depoimentos para fechar questão sobre o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a venda da Varig. Em 2007, o deputado Vic Pires (DEM-PA), em meio à CPI do Apagão Aéreo ¿ que investigou o caos na aviação do país ¿ tentou criar uma comissão de inquérito semelhante, mas não teve apoio da maioria governista na Câmara.

¿ É um escândalo que supostamente chega à prática de suborno, à configuração de empresas fantasmas, à troca de um procurador-geral da Fazenda Nacional e à utilização de um compadre do presidente da República, que é advogado. Isso tudo tem que ser esclarecido ¿ diz o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que estuda recolher assinaturas no Senado para a instalação da CPI da Varig.