Título: G8 discute solução para conter recorde de preços
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2008, Economia, p. A18

Ministros sugerem aumentar eficiência doméstica.

Reuters

Ontem, em reunião na cidade japonesa de Aomori, ministros da área energética dos países do G8 tentaram apresentar soluções internas para fazer frente aos preços recordes do petróleo, falando da necessidade de eficiência doméstica em lugar de aumentar as pressões sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para que haja aumento em relação à produção de óleo cru.

O preço do petróleo teve seu maior salto da história na sexta-feira, subindo mais de 10 dólares em um dia e superando o recorde de mais de US$ 139 por barril.

Pressionados pela crescente insatisfação popular em seus países e a necessidade de investir bilhões em energia verde para reduzir as emissões mundiais de carbono, os ministros do G8 propuseram poucas idéias novas para os chefes de Estado analisarem em sua cúpula marcada para o próximo mês.

¿ Com relação à eficiência e diversificação energética, todos reconhecemos que grandes avanços estão sendo feitos, mas é preciso fazer mais ¿ disse Gary Lunn, ministro dos Recursos Naturais do Canadá.

Frear commodity

Num grupo que abrange desde o maior consumidor mundial de petróleo, os Estados Unidos, até o segundo maior exportador, a Rússia, poucos esperavam que a reunião resultasse em medidas capazes de frear a alta dos preços do petróleo, que começou há seis anos e se intensificou este ano, na medida em que os investidores temem que o mundo terá dificuldade em produzir a commodity em quantidade suficiente para satisfazer a demanda nas próximas décadas.

Mas sua mensagem pareceu refletir a crescente aceitação de que os países consumidores terão que encontrar maneiras de moderar a própria demanda, focando em tecnologia, conservação e diversificação em lugar de pressionar a Opep para bombear cada vez mais petróleo, como sugeriu o primeiro-ministro da Austrália.

O grupo de ministros do G8, mais China, Índia e Coréia do Sul, países que, juntos, consomem dois terços da energia do mundo, disseram que compartilham "preocupações graves" com o custo do petróleo. Analistas disseram que eles estão no rumo correto.

Toshinori Ito, analista sênior da UBS Securities Japan, disse:

¿ Este é um avanço no rumo correto e vai melhorar o equilíbrio entre oferta e demanda no médio e longo prazo, mas não terá um impacto imediato sobre os preços.

¿ O preço do petróleo está subindo não devido a alguma escassez de oferta, mas devido à liquidez maciça ¿ reforçou Toshinori, referindo-se ao fluxo de fundos financeiros para os mercados, auxiliado pelos juros baixos.

O G8 é composto por Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália, Rússia e Japão.

O preço do petróleo dobrou no último ano e subiu 44% desde janeiro, obrigando países em desenvolvimento como Índia e Indonésia a elevar os preços dos combustíveis, enquanto os países mais ricos estudam como abrandar o impacto do custo crescente da energia sobre os setores vulneráveis de suas populações.