Título: Erros de digitalização e casamentos como explicações
Autor: Victal, Renata
Fonte: Jornal do Brasil, 05/08/2008, Tema do Dia, p. A3

Os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro justificaram suas variações patrimoniais. A assessoria de Alessandro Molon alegou que o candidato entregou seus dados, via partido, em papel. A não digitalização dos mesmos seria, portanto, a razão para que não constasse nenhum real sequer em seu patrimônio em 2006. A assessoria, no entanto, não soube dizer o valor declarado pelo candidato naquele ano. Agora, Molon declarou R$ 11.161,26. A quantia, segundo assessoria, é referente à uma conta poupança. O candidato mora em um apartamento que pertence à família de seu pai desde 1997 e sua mulher possui um carro. Molon já enviou dois ofícios ao TRE pedindo que os dados fossem digitalizados. Na mesma situação do seu concorrente, o candidato Filipe Pereira (PSC) também aparece no site do TSE sem qualquer centavo. O candidato não retornou às ligações. No outro extremo, Marcelo Crivella (PRB) conseguiu ampliarseus bens de R$ 78.080,91 para R$ 180.900. A alta de 131,7%, segundo o candidato, é compatível com os rendimentos de um senador. ­ O patrimônio de 2008 é compatível com o que eu recebo por ser senador. São 15 salários de R$ 16 mil e está tudo declarado. A minha única renda é a de senador. O candidato Paulo Ramos (PDT) que declarou em 2006 ter R$ 202.500 e R$ 392.958,85, este ano, justifica a alta de 94,1% ao amor. Isso mesmo, Ramos enriqueceu depois de ter casado com Eni Ramos. ­ A evolução do meu patrimônio em 94,1% foi porque eu me casei em maio do ano passado. Minha mulher acrescentou ao meu patrimônio um imóvel, já que casamos em comunhão de bens.

Com menos na conta

Um apartamento foi também a justificativa de Chico Alencar (PSOL). Só que, no caso dele, a variação foi negativa de 4,4% nos rendimentos. ­ Não estou com a declaração aqui, mas suponho que seja porque eu era proprietário de um apartamento na Tijuca que vendi e passei o dinheiro para a minha ex-mulher ­ explicou o candidato. ­ Meus filhos moram com ela. ­ Claro que isso teria um impacto maior na evolução patrimonial, mas a minha mãe me passou uma chácara em São Paulo. Fernando Gabeira (PV) justificou a perda de 8,9% em seus bens devido à venda de um carro. ­ Eu gastei o dinheiro. Eu tinha um carro que vendi, agora estou só com a motocicleta. Mas no meu caso não é nada relevante, é coisa de pobre mesmo ­ brincou. A candidata Solange Amaral (DEM) não retornou às ligações. Os outros candidatos à prefeitura não foram citados no levantamento da ONG porque seus dados não estavam disponíveis no TSE até três de agosto.