Título: Metalúrgicos pressionam para construção de navios
Autor: Leandro, Eloisa
Fonte: Jornal do Brasil, 05/08/2008, Economia, p. A19

Cabral anuncia que BNDES vai liberar US$ 280 milhões para petroleiros.

O medo que paira sobre a possível suspensão da encomenda de quatro petroleiros da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, ao estaleiro Mauá fez com que o governador Sérgio Cabral se reunisse ontem com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Cabral garantiu que o contrato para a liberação dos US$ 280 milhões para a construção dos navios será assinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o estaleiro Mauá ainda esta semana. Há expectativa que outros quatro petroleiros sejam construídos na cidade, um investimento total de US$ 450 milhões.

A categoria teme que se a liberação não for imediata possa ocorrer demissão em massa no estaleiro, ou seja, a dispensa de 4 mil metalúrgicos.

¿ O governador nos tranqüilizou e garantiu que o contrato será assinado esta semana. Cabral descartou a possibilidade da perda de 4 mil postos de trabalho na cidade. Segundo ele, o governo do Estado trabalha para desenvolver a indústria naval do Estado e, principalmente, em Niterói, que detém 80% do setor no país ¿ conta o tesoureiro do sindicato, José Mascarenhas.

Os quatro petroleiros integram a primeira parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Petrobras, que prevê a construção de 26 navios avaliados em R$ 2,4 bilhões. A produção está atrasada há dois anos, época em que quatro grupos venceram a licitação. No entanto, o Mauá é o único estaleiro pronto para iniciar a construção.

A expectativa é que este lote gera em torno de 2.500 empregos em Niterói. O Mauá informou que só em julho contratou 540 empregados para dar início a produção, totalizando o quadro de quatro mil funcionários, mas que pode chegar a 6.500 no pico da obra.

Quanto à expectativa da fechar contrato para construir outros quatro petroleiros, encomenda do consórcio Rio Naval, que anunciou na semana passada a construção de cinco dos nove navios fora do Estado, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que a decisão deve sair até o dia 15.

¿ Estamos unindo esforços para que parte desses navios fiquem no Estado, mas ainda não temos nada definido ¿ pondera Sérgio Machado, que se reunirá com os sindicalistas hoje.

Demora

Outro investimento aguardado pela categoria é a construção da plataforma P-62, um investimento em torno de US$ 1,3 bilhão. Ainda sem data para iniciar, o projeto depende da liberação de recurso da Petrobras. O estaleiro Mauá conseguiu a permissão para construir a plataforma sem licitação por se tratar de um projeto idêntico a da P-54, construída no local.

¿ Como a P-62 é um clone da P-54 o Mauá tem respaldo legal para construir a plataforma sem a necessidade de licitação. Tivemos a informação que a Petrobras está fazendo alguns reajustes no projeto para liberar o recurso. Por enquanto, os estaleiros ainda não dispensaram os funcionários, mas caso haja atraso na construção dos petroleiros e da P-62, será inevitável, já que os estaleiros dependem dos contratos para permanecer com seus quadros de funcionários, como também para contratar outros ¿ ressalta Mascarenhas.

Devido à demora da liberação dos recursos para os projetos, a categoria promete fazer hoje uma manifestação em frente a sede da Petrobras, no Centro do Rio.