Título: Otan promete ajudar no Iraque
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2005, Internacional, p. A8

Segundo os EUA, a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, acabou com as divergências com muitos dos aliados europeus surgidas há dois anos em função da guerra no Iraque. A afirmação foi feita depois que a Otan anunciou que todos os 26 países membros contribuiríam para a formação de militares iraquianos.

A ajuda é pequena, já que alguns treinarão militares iraquianos fora do Iraque ou se limitarão a financiar a formação e o equipamento das forças de Bagdá. De fato, o volume das contribuições é baixo se comparado com o esforço econômico e militar de Washington no país árabe.

No entanto, a Casa Branca elogiou o gesto e espera que o apoio aumente aos poucos, à medida que um governo democrático no Iraque se fortaleça.

- As contribuições são muito importantes do ponto de vista simbólico. Países como França, Espanha, Alemanha e Grécia não participariam há um mês - assinalou um diplomata americano, que pediu o anonimato.

Segundo o funcionário, a cúpula de ontem foi ''de longe a melhor reunião que a Otan fez nos últimos anos''.

- No Iraque, os aliados trabalharão juntos treinando as forças de segurança, fornecendo equipamentos e ajudando a financiar os esforços da Otan - afirmou o secretário-geral da aliança militar, Jaap de Hoop Scheffer. O fundo, que em 2005 chegará a 3,5 milhões de euros, segundo fontes da Aliança, servirá para financiar os cursos dados a oficiais iraquianos em centros da Otan e despesas de viagens. O programa prevê a preparação de mil oficiais por ano no Iraque e 500 no exterior.

- O fato de 26 países se envolverem é importante - afirmou Bush após o encontro da Otan, a primeira reunião internacional da qual participou no segundo mandato.

No país árabe, a Aliança tem atualmente pouco mais de 100 instrutores - muitos dos quais americanos -, mas espera aumentar o número para cerca de 160, por volta de setembro.

- Qualquer contribuição é importante - disse Bush, acrescentando que ''os EUA agradecem''.

No encontro, o presidente francês, Jacques Chirac, afirmou que apóia a reforma da Otan, idéia levantada por Gerhard Schröder, em fevereiro. Na época, o chanceler alemão causou polêmica ao propor mudanças, sugerindo que o bloco ''já não é o lugar principal no qual os parceiros transatlânticos discutem e constroem suas estratégias''. Chirac disse que as propostas de Schröder são ''legítimas e razoáveis''.

- As coisas evoluem e temos que nos adaptar a essa evolução - afirmou o presidente francês.

O governante americano se encontra hoje na Alemanha com o chanceler Gerhard Schröder, antes de se reunir em Bratislava, amanhã, com seu colega russo Vladimir Putin. Nas últimas semanas, Bush manifestou diversas vezes sua preocupação com a situação da democracia na Rússia.

- Acredito que é muito importante que Putin escute não só minhas preocupações particulares, mas também outras que ouvi hoje, como as dos países bálticos - disse Bush, manifestando sua esperança de discutir o assunto de forma cordial.

- É importante que mantenhamos uma relação construtiva com Moscou pois ambos os países cooperam, por exemplo, na busca por tornar os arsenais russos de armas nucleares mais seguros - disse.

Bush insistiu ainda que ''as democracias se baseiem na lei, no respeito aos direitos, na dignidade humana e na imprensa livre''.