Título: Críticos apontam vínculos com Teerã
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2005, Internacional, p. A9

O atual vice-presidente do Iraque, Ibrahim Jaafari, que assegurou ontem a candidatura ao cargo de primeiro-ministro na chapa xiita unificada, é chefe do partido mais antigo dessa comunidade no Iraque e tem enorme popularidade no país.

Jaafari foi um dos primeiros políticos a voltar do exílio após a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003, e o primeiro presidente do Conselho de Governo criado pelos americanos.

Segundo pesquisas, é a terceira personalidade xiita mais influente do Iraque, depois do aiatolá Ali Sistani e do líder radical Moqtada al Sadr. Era o segundo nome da lista, depois do chefe do Conselho Supremo da Revolução, Abdel Aziz Hakim.

Líder do partido Dawa, fundado pelo tio de Al Sadr em 1950, que defende a modernização das instituições religiosas, Jaafari participou das eleições pela Aliança Unificada Iraquiana, vencedora do pleito.

- Deixei tudo por meu país. Se o povo acha que posso servi-lo, estou disposto - disse.

Jaafari nasceu na cidade santa xiita de Karbala, Sul de Bagdá e estudou medicina na Universidade de Mossul. Ingressou no Dawa em 1966. No início dos anos 80, se refugiou no Irã, antes de se instalar em Londres em 1989. Seus cinco filhos vivem na Grã-Bretanha.

A popularidade também é negativa. Adversários o acusam de corrupção, de ter vínculos duvidosos com o Irã e de pregar um islamismo conservador que ignora os direitos da mulher. Nas discussões sobre a lei fundamental que vai reger os destinos do país, até a elaboração da Constituição, fez campanha para colocar o islamismo como a única fonte da Carta Magna.

O Dawa foi reprimido por Saddam Hussein, tendo mais de 75 mil membros mortos entre 1982 e 1984. Conseguiu o respeito da população na resistência ao ditador. O braço armado do partido lançou ataques contra a embaixada do Iraque em Beirute, em 1981 e contra as embaixadas da França e dos Estados Unidos no Kuwait, em 1983.