Título: Terremoto mata pelo menos 380
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2005, Internacional, p. A9

Abalo de 6,4 graus ocorreu na província de Kerman, a 700 quilômetros da capital

KERMAN, Irã - Um forte terremoto que atingiu o Sudeste do Irã matou pelo menos 380 pessoas e feriu milhares em vilarejos da província de Kerman. O epicentro do tremor de 6,4 graus foi na principal cidade da região, Zarand (a 700 km de Teerã), que tem 15 mil habitantes.

Em toda a província vivem 30 mil pessoas e segundo o governador, Mohamed Ali Karimi, o número de mortos pode aumentar para mil quando o socorro chegar às localidades mais remotas. A Agência Estudantil Iraniana (Isna) divulgou que metade das 40 aldeias estão totalmente destruídas.

Segundo a agência de geologia americana, U.S. Geological Survey, o sismo foi quase tão forte quanto o que atingiu Bam, em dezembro de 2003, matando 30 mil iranianos. Mas uma série de fatores fizeram com que o tremor de Zarand não tenha causado tantas vítimas: teve 0,3 graus a menos que o de 2003 e sua profundidade foi de 42 km, bem maior que a do tremor de Bam, de 10 km. Especialistas explicam que a maior profundidade reduz o impacto na superfície e que a província tem menor densidade populacional.

Mesmo assim, o estrago foi grande. O terremoto ocorreu às 5h55, quando a maioria das pessoas ainda estava dormindo ou em casa, se protegendo do frio e da chuva na região montanhosa. Assustados, moradores de Kerman correram para as ruas.

- Todos estão com medo de tremores secundários - contou o motorista Nasser Dadbin.

A televisão mostrou imagens de várias casas de barro derrubadas e dos moradores procurando sobreviventes entre os escombros. Os mortos eram cobertos com lençóis.

- Toda a minha família se foi - lamentava um homem.

Na vila de Dahuyeh, fiéis foram soterrados quando participavam da primeira oração do dia. Apenas a cúpula verde da mesquita do sultão Seyed Ibrahim ficou intacta.

O fornecimento elétrico foi interrompido, mas o abastecimento de gás e as linhas de telefone continuam funcionando.

Em uma tentativa de manter a normalidade, o governo ordenou que as escolas continuem abertas e, onde tenham sido destruídas, que as aulas sejam nos pátios.

Várias estradas na região estão bloqueadas. No entanto, máquinas tentam abrir caminho para as equipes de resgate e ajudam na remoção dos escombros. Helicópteros e tropas do Exército também entraram em ação. Segundo o Departamento de Desastres Naturais de Kerman, o temporal de neve e frio que se registra no Irã há várias semanas mantinha em alerta todas as equipes de socorro.

- As lições aprendidas com o terremoto de Bam nos fizeram ser mais ágeis desta vez - acrescentou o governador Karimi, descartando a necessidade de ajuda internacional, oferecida pela Turquia e o Paquistão.