Título: Bate-boca em frente ao Fórum
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2005, Rio, p. A14

Moradores do Palace II discutem com desembargador, que assina ofício para agilizar processo

Os sete anos do desabamento do Palace 2 foram lembrados ontem com bolo, palmas e muita confusão. As vítimas da tragédia fizeram uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça com faixas que pediam a presença do desembargador José Motta Filho, relator do processo que entrou de férias no mês de fevereiro. Ele apareceu na manifestação, bateu boca com os ex-moradores, entre eles a presidente da Associação de Vítimas do Palace II, Rauliete Barbosa Guedes. As vítimas o acusavam de contribuir para a lentidão do processo, enquanto o desembargador alegava não tê-lo recebido. Disse ainda que o leilão realizado para arrecadar dinheiro para as indenizações tinha sido irregular. José Motta Filho então convidou os manifestantes e a imprensa a comparecer ao seu gabinete para mostrar a idoneidade do processo. Mais tarde, por volta das 17h, o ofício no qual solicita informações complementares sobre o processo da 4ª Vara Empresarial foi assinado por ele.

As informações pedidas pelo ofício, pronto desde o dia 3 de fevereiro, são fundamentais para que o desembargador julgue o mérito do agravo proposto por Sérgio Naya. O ex-deputado conseguiu uma liminar que suspende o pagamento da indenização das vítimas. São 82 famílias que estão há seis meses esperando parte do dinheiro.

Segundo o advogado da Associação de Vítimas do Palace II, Nélio Andrade, com a assinatura do ofício o processo pode ser julgado e assim, o dinheiro das indenizações pode ser liberado com rapidez.

- Se for julgado o mérito do agravo em 1° de março, como o desembargador garantiu que será, as vítimas podem ter mais esperanças.

A empresária Cecília Benavides, que perdeu o filho Leonel no acidente de 1998, sofre hoje com as retaliações do Hotel Atlântico Sul. Ela mora lá por decisão judicial há sete anos, desde que o Palace II desabou.

- Eles cortaram o café da manhã, cortaram o telefone e tiraram os móveis do quarto. Tudo isso porque o Naya suspendeu o pagamento das diárias - conta Cecília.

No mesmo hotel, no último sábado, o radialista Silvio Barbosa teve seus objetos jogados pela janela por um dos funcionários.

- Só pude voltar ao hotel depois de chamar a polícia e ir à delegacia.