Título: Itaú lucra R$ 3,7 bilhões em 2004
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2005, Economia, p. A19

Resultado, 19,8% superior ao de 2003, é o melhor da história entre os bancos de capital aberto do país.

O Banco Itaú Holding Financeira liderou, mais uma vez, o ranking de resultados do setor bancário ao divulgar, ontem, um lucro líquido de R$ 3,776 bilhões em 2004, acima dos ganhos dos concorrentes Bradesco (R$ 3,06 bilhões), Banco do Brasil (R$ 3,02 bilhões) e Unibanco (R$ 1,28 bi). O desempenho ficou 19,8% acima do atingido ao longo de 2003 e garantiu um retorno de 27% ao capital investido, meio ponto acima do ano anterior. Segundo levantamento da Economática, esse foi o melhor resultado da história entre os bancos de capital aberto no Brasil.

Até então, a liderança era do Banespa (R$ 3,407 bilhões, em valores atualizados para dezembro de 2004, alcançados em 1997). Os resultados levaram o presidente do Itaú, Roberto Setubal, a comentar que o banco é ''quase incomprável'', já que seu preço seria caro demais ''mesmo para o Citi'', ao qual se atribui a intenção de adquirir um banco brasileiro.

- O valor do Itaú hoje no mercado é de mais de US$ 20 bilhões - disse.

O desempenho seria ainda melhor (chegaria a R$ 4 bilhões) não fosse a amortização integral dos ágios decorrentes do aumento da participação do Itaú na Credicard, da aquisição da Orbitall e da parceria com o Grupo Pão de Açúcar para a criação de uma financeira. O impacto líquido destas operações foi de R$ 1,247 bilhão.

- Há vários anos o Itaú adotou como política amortizar o ágio (de aquisições) no mesmo exercício, o que penaliza o resultado de imediato, mas traz benefícios mais à frente - afirmou o presidente Setubal.

Setubal fez questão de destacar o crédito como um dos pilares do desempenho do banco no ano passado. A carteira global cresceu 19,5%, a R$ 53,275 bilhões, impulsionada pelas operações de varejo e consumo. Os empréstimos às micro, pequenas e médias empresas aumentaram 70,8%, a R$ 8,559 bilhões, enquanto o portfólio pessoa física foi ampliado em 43,1%, a R$ 18,284 bilhões. Só o ramo de veículos teve expansão de 40%, a R$ 6,2 bilhões; os empréstimos pessoais subiram 33%, a R$ 7 bilhões; e os volumes dos cartões de crédito aumentaram 94%, para R$ 5,2 bi.

A expansão prosseguirá na carteira de micro, pequenas e médias empresas e na área de crédito massificado. O planejamento de 2005 prevê a inauguração de mais 120 lojas da financeira Taií, que começou a operar em meados de 2004 - além de 200 a 250 unidades em pontos da rede Pão de Açúcar.

Os saldos aplicados em operações às micro, pequenas e médias empresas já são superiores à carteira de títulos públicos, em R$ 7,486 bi, posição que teve um decréscimo de 49,4% de 2003 para 2004. Em contrapartida, os papéis privados tiveram aumento de 41,8%, a R$ 12,145 bilhões. Para este ano, Setubal prevê ampliar as operações de empréstimo entre 15% e 20%.

Na composição dos resultados, as receitas com prestação de serviços cresceram 20,4%, a R$ 6,165 bi, e o controle das despesas administrativas e tributárias tiveram aumento de 2,8%, a R$ 9,014 bilhões. No fim, o resultado operacional aumentou 28,5%, para R$ 7,342 bilhões.