Título: Ex-coordenador cobraria R$ 250 mil por um novo fígado
Autor: Bellei, Carolina; Linhares, Janaina
Fonte: Jornal do Brasil, 31/07/2008, País, p. A2

A Operação Fura-Fila acusa o ex-coordenador do Rio Transplante, Joaquim Ribeiro Filho, de comandar um esquema de corrupção para furar o esquema de fila única nacional que determina a ordem dos pacientes que devem receber transplante de fígado. De acordo com o superintendente da PF , Valdinho Jacinto Caetano, a fraude começava quando a equipe médica captava um órgão. Os médicos alegavam incompatibilidade para os primeiros pacientes e, em seguida, alteravam a colocação na fila para beneficiar um determinado paciente, em que os exames seriam compatíveis.

¿ Ele foi preso pelo conjunto probatório. De acordo com o interesse da equipe médica, ele fazia com que pacientes que estavam mal colocados furassem a fila de espera e recebessem o fígado no lugar de pacientes que estavam no primeiro lugar da fila ¿ explicou o superintendente da PF , completando que Joaquim cobrava R$ 250 mil por um transplante, que era realizado em hospital particular.

A advogada de Joaquim, Elizabeth Haimenis, negou todas as acusações da PF e do Ministério Público Federal.

De acordo com Henrique Di Masi Palheiro, subsecretário jurídico da Secretaria de Estado de Saúde, quando um fígado é captado, a prioridade é do primeiro colocado da lista do Estado, o considerado de caso mais grave. Caso não haja compatibilidade com os pacientes em todo o Estado é que é oferecido às demais pessoas da lista nacional.

Primeira denúncia em 2003

O inquérito foi instaurado em 2003 com denúncias de que Jaime Ariston, que ocuparia a 32ª colocação, teria furado a fila para conseguir um transplante. Jaime teria sido beneficiado por causa da influência do irmão, o então secretário de Turismo Augusto Ariston, durante o governo de Rosinha Garotinho. De acordo com a PF, o médico Joaquim foi nomeado coordenador do Rio Transplante por Gilson Cantarino, secretário de Estado de Saúde na época, em uma situação considerada mal explicada. Cantarino foi preso há duas semanas na Operação Pecado Capital.

A própria equipe de Joaquim ¿ que passou a acumular o cargo do Rio Transplante com o de chefe do setor do Fundão ¿ operou Jaime, de acordo com a PF. Outro caso investigado é o de Carlos Augusto Arraes, filho do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, que em julho de 2007 recebeu um órgão estando na 65ª posição na fila.