Título: Por enquanto, só a Polícia Federal
Autor: Carneiro, Luiz Orlando
Fonte: Jornal do Brasil, 31/07/2008, Eleições municipais 2008, p. A7

Reunião entre TSE, TRE, PF e Ministério da Justiça adia decisão sobre envio da Força Nacional

Luiz Orlando Carneiro Marco Antônio MoreiraRaphael Bruno

BRASÍLIA

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), desembargador Roberto Wider, não cedeu aos argumentos apresentados, ontem, em Brasília, para o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para garantir que as eleições na capital transcorram sem a influência dos currais montados por traficantes e milicianos. Em reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ayres Britto, e com o ministro da Justiça, Tarso Genro, que tentaram influenciá-lo, Wider manteve os argumentos apresentados na véspera, de que o Rio vive um estado de direito e não de exceção.

¿ Os ministros Ayres Britto e Tarso Genro foram votos vencidos ¿ disse ao JB um graduado assessor que assistiu como o assunto foi tratado.

Uma nova reunião para avaliar o processo eleitoral foi marcada para o próximo dia 11, no Rio. Além dos dois ministros e do desembargador ¿ que se recusou a dar entrevistas na saída do TSE ¿ esteve presente, também, o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Na saída do encontro, apenas Genro e Britto falaram. O ministro da Justiça deixou claro que não há empecilhos para que as forças federais sejam acionadas a qualquer momento.

¿ A Polícia Federal está à disposição para qualquer tipo de operação e trabalho de inteligência ¿ comentou Genro.

Ayres Britto, por sua vez, foi mais objetivo, abrindo, inclusive, a possibilidade de o próprio TSE tomar a iniciativa de pedir reforço na segurança, se a situação assim exigir. E admitiu abertamente que o processo eleitoral carioca pode ser contaminado pela ação dos criminosos.

¿ Esse risco de que segmentos fora da lei estejam a patrocinar candidaturas próprias significando então boicote, violência contra candidaturas alheias, está existindo ¿ argumentou. ¿ É contra ele que estamos nos mobilizando. Vamos aproveitar o processo eleitoral para fazer um mutirão, articulando as polícias do Estado, a Polícia Federal e, se necessário, as Forças Armadas. O TSE tem o poder de requisitar forças federais. Haverá segurança para o voto livre e consciente. O processo eleitoral está preservado.

Genro garantiu que a Força Nacional não entrará em ação nos morros cariocas antes da próxima reunião com o TSE e o TRE. E admitiu, de maneira vaga, que a Polícia Federal pode fornecer auxílio mais incisivo às polícias militar e civil do Rio sem precisar, contudo, de quanto seria um eventual aumento do efetivo.

Para o presidente do TSE, a ajuda de Brasília terá efeito psicológico.

¿ Esta pronta resposta tem o efeito de dizer que, juntos, Justiça Eleitoral, Justiça dos Estados, Polícia Federal, a polícia estadual e Forças Armadas serão usadas se necessário.