Título: Crivella diz que não pode investigar os que o apóiam
Autor: Migliaccio, Marcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 31/07/2008, Eleições municipais, p. A12

Senador nega relação com candidato do PR suspeito de integrar milícia

Marcelo Migliaccio

O candidato à prefeitura do Rio Marcelo Crivella (PRB) fez uma breve caminhada ontem no Largo do Machado (Zona Sul), onde deparou-se com a indiferença dos eleitores idosos e com a curiosidade dos jornalistas, interessados em saber sobre sua relação com o candidato a vereador Luiz André, o Deco (PR), investigado pela CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj).

¿ Caminho ao lado de todos que me apóiam. Não tenho condições de verificar tudo sobre os candidatos da minha coligação ¿ disse o senador, aparentando uma certa impaciência com a esperada pergunta, já que fora fotografado anteontem ao lado de Deco numa caminhada na Zona Oeste.

Deco, segundo o presidente da CPI da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSOL), é suspeito de fazer parte de uma organização paramilitar na Praça Seca.

¿ Se ele está sendo investigado, vocês têm que perguntar à Justiça e não a mim. Ora me acusam de ser ciceroneado pelo tráfico, ora pela milícia. É impossível ter acordo com as duas partes. São injúrias, insultos. Minha única ligação é com o povo ¿ afirmou Crivella antes de entrar no carro encerrando uma caminhada pela praça do Largo do Machado que não durou mais de 20 minutos.

Mais saúde

Às 10h30, meia-hora antes da hora prevista, Crivella e três acompanhantes chegaram à praça. O movimento em torno do candidato, aguardado por correligionários empunhando bandeiras e dois carros de som, entretanto, não contagiou a maioria dos transeuntes.

¿ Precisamos de mais saúde e segurança aqui ¿ disse ao senador a aposentada Maria Fernandes, 68 anos, que estava na fila de uma barraca para medição de pressão sangüínea.

Os outros idosos da fila permaneceram indiferentes aos cumprimentos do senador, que dirigiu-se, então, a um grupo de anciãos que jogava cartas em três mesas de concreto.

¿ Vou fazer um posto de saúde na Zona Sul só para aposentados ¿ procurou animá-los o candidato, lançando mão de um megafone. ¿ Não temos um posto para atender os idosos do Largo do Machado, de Copacabana, que é a capital mundial da terceira idade!

Como poucos aposentados se dignaram mesmo a mover a cabeça em sua direção, Crivella continuou sua caminhada, aí sim, recebendo cumprimentos de alguns passantes e posando para fotos de celular.

¿ Vou votar no senhor ¿ prometeu um homem.

O senador agradeceu e disse contar com aquele voto.

¿ Crivella! Crivella! ¿ saudaram dois sem teto alcoolizados. O senador acenou de longe.

Na última parada, Crivella cumprimentou senhoras que tomavam sol em cadeiras de rodas com suas acompanhantes.

¿ Não voto mais em ninguém. Depois que eles ganham, não fazem nada ¿ disse a aposentada Bernadete Rodrigues, 87 anos, após o candidato se afastar.