Título: Profissionais defendem atuação transparente
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 03/08/2008, País, p. A17

A proposta de regulamentação dos lobbies é bem recebida pela categoria. Avaliam que poderá mexer no mercado e combater os agentes de pressão que trabalham por vias tortas e transformam o lobby em tráfico de influência. Pelos cálculos de lideranças partidárias, hoje, pelo menos 140 representantes de grupos de pressão estão presentes no Congresso e no Executivo. Os escritórios se dividem em duas categorias: a que representa e a que apenas traduz o complicado funcionamento das engrenagens brasilienses aos clientes, munindo-os com informações, o que no jargão deles, seria o lobby às claras. A tarefa é monitorar os passos das autoridades de Brasília e, especialmente, as articulações nas comissões e nos plenários da Câmara e do Senado. Alguns escritórios, inclusive, criam sua própria sistemática para se diferenciar da concorrência. A Patri Relações Governamentais, sediada em escritório de 800 metros quadrados no centro de Brasília, prefere se antencipar aos pedidos de clientes e trabalha com uma espécie de banco de dados. Mantém dezenas de funcionários no Congresso e no Executivo captando informações e produzindo relatórios. A dinâmica garantiu à Patri uma carteira de 35 clientes, entre empresas nacionais e estrangeiras, que desembolsam mensalmente R$ 25 vista ou interesses dentro da complicada máquina pública ­ diz. Quanto à regulamentação, o lobista, acredita que os projetos que repousam no Congresso são interessantes, mas o essencial seria a criação de um mandado de representação. ­ Sou a favor de uma lei regulamentando a profissão - afirma. - É importante saber quem está defendendo os interesses de quem. Em meio ao engessamento do Congresso para tomar uma decisão, surgiu desde o ano passado a idéia da auto-regulamentação. Seria a criada Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) que teria entre as suas atribuições elaborar um estatuto e um código de ética. Mas, entre os profissionais da área, a Abrig não é unanimidade. A principal crítica é de que seria um movimento corporativista, que teria pouco efeito prático para dissociar imagem do lobby de denúncias de corrupção e do tráfico de influência.