Título: Quase 4 milhões fora da linha de pobreza
Autor: Leandro, Eloisa ; Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 06/08/2008, País, p. A2

Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou queda no percentual de famílias consideradas pobres, de 35% para 24,1%, usando como parâmetro as seis maiores regiões metropolitanas do país, no período de 2003 a 2008. Essas pessoas são um quarto da população brasileira. O estudo que abrange as cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre mostraram que a população pobre caiu de 14.352.753 para 11.756.563 nos últimos cinco anos, ou seja, quase 4 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza. A categoria se refere as pessoas com renda mensal de meio salário mínimo (R$ 207,50). A redução foi maior em relação ao número de indigentes ­ pessoas com renda per capita mensal de R$ 103,75. O grupo caiu pela metade no período, de 13,7% para 6,6%. Para os pesquisadores, este resultado está ligado ao aumento de programas sociais, considerados mais eficazes para a diminuição da indigência do que da pobreza. ­ As medidas para o combate da indigência estão tendo resultados mais efetivos que as medidas para o combate da pobreza ­ avalia o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. O aumento da renda do brasileiro é explicado como um reflexo da oferta de emprego com base no crescimento econômico do país, principalmente do setor das indústrias, segundo o assessor técnico do instituto, Ricardo Amorim. ­ O que observamos nos últimos anos é que as empresas estão contratando mais, o que leva a um crescimento econômico geral. O aumento de emprego não se restringe só aos formais, mas também aos informais, todas as formas de trabalho ­ explica. ­ O aumento do salário mínimo, a contribuição previdenciária e programas sociais influenciaram a queda do percentual de famílias pobres.

Salários não acompanham

Em contrapartida, a pesquisa re- vela que os salários do setor não acompanham a produtividade industrial. Embora o índice comparativo não seja tão explícito, para Amorim, a tendência é que esta desigualdade se evidencie no próximo levantamento. ­ Em pouco tempo esses números vão aparecer. Percebe-se a distribuição de renda não é a ideal ­ destaca. O estudo mostra que a redução da pobreza foi mais acentuada em Belo Horizonte. Passou de 38,3% para 23,1%, comparando os anos de 2002 e 2008. Porém, São Paulo e Rio de Janeiro tiveram resultados expressivos. Os números mostram que as metrópoles reduziram a população pobre em 1,15 milhão e 571 mil, respectivamente. Porto Alegre foi apontada na pesquisa como a cidade com a menor taxa de pobreza, de 20,6%, seguida por São Paulo, com 21,9%. No sentido contrário, Recife e Salvador apresentam a maior quantidade de pobres na população. O Ipea estima que as regiões metropolitanos dessas cidades possuem, respectivamente, 43,1% e 37,4% de pobres. O percentual dos mais ricos ­ pessoas com renda mensal superior a 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil) passou de 0,8% em 2003, para 1% em 2008. Os número refletem um crescimento 362 mil pessoas para 476,5 mil. A classe média subiu de 64% para 75% da população.