Título: Um profissional do megafone
Autor: Thurler, Fernanda ; Victal, Renata
Fonte: Jornal do Brasil, 06/08/2008, País, p. A6

Morador da Zona Sul, metade de seus 50 anos dedicados à militância de esquerda ­ ex-líder sindical e ex-membro da Juventude Socialista ­ o "homem megafone" Osmar da Silva garante que não ganha um tostão para dedicar, apenas por fé política, os seus dias úteis e os finais de semana de aposentado à candidatura do conservador candidato a prefeito Marcelo Crivella (PRB). Não importa se na segurança do asfalto ou por vielas miseráveis dos currais da cidade, Osmar da Silva, com seu inseparável megafone, mostra que sabe como ninguém assumir o papel de estrondoso abre-alas do candidato. Segue à frente da turba de aspirantes a vereador e cabos eleitorais que circundam Crivella por onde prega suas propostas. A rápida entrevista logo resulta na interpelação de um assessor. "Por que parou?". Não pode. ­ Sou voluntário na campanha porque acredito nele e nas bandeiras sociais que defende ­ afirma o tecnológo em eletricidade, aposentado pela UniRio, para onde voltou com o fim de se aperfeiçoar em sua missão com aulas de voz. Orgulhoso de ser casado com uma conselheira tutelar da Zona Sul, ele frisa: ­ Minha família se dedica muito à causa social. Por entre barracas de feira, por sobre valões de esgoto a céu aberto, em regiões livres do crime ou dominadas por tráfico ou mlícia, a performance de Osmar tem aberto e animado os caminhos para a passagem de Crivella e de sua entourage de campanha. Às vezes, ele chega mesmo a emplacar, com seus comentários, o tema dos discursos do seu candidato, quando este, volta e meia, interrompe a caminhada sempre apressada e pega de Osmar o potente amplificador de som. Foi Osmar, por sinal, quem propôs o uso do megafone. ­ Plantamos idéias nas comunidades ­ acredita Osmar, não pela primeira vez trabalhando para Crivella, a quem defendeu, com voz forte, para governador. Filho de uma lavadeira e de um operário, o porta-voz de Crivella não descarta eventual carreira política, como candidato a deputado estadual: ­ Tive chances que os jovens não têm mais: escola pública de qualidade, acesso à profissionalização. Iria lutar por esse direito deles, que hoje não sabem nem o porquê de votar. Essa é a bandeira do Crivella ­ encerra o papo, para prosseguir na sua retumbante missão.