Título: PIB global desacelera, mas economia resiste
Autor: Carvalho, Jiane
Fonte: Jornal do Brasil, 11/08/2008, Economia, p. A17

O medo de uma recessão global ainda tira o sono de muita gente. Mas desde que a crise do subprime se intensificou, em meados do ano passado, a economia global, particularmente a americana, tem se mostrado muito mais resistente do que se supunha. As previsões de crescimento do PIB mundial têm sido recorrentemente revistas para baixo. No entanto, uma recessão ainda não está na conta dos economistas. Tecnicamente, uma economia em recessão precisa registrar dois PIBs trimestrais negativos.

A resistência da economia real é, na visão de parte dos economistas, uma boa notícia em meio a um cenário marcado por baixa liquidez, prejuízos do setor financeiro e inflação global em alta.

¿ No início havia um temor de uma recessão aguda e curta, agora o cenário se encaminha para uma queda suave e mais longa na atividade ¿ avalia Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB. ¿ Não vejo a economia americana registrando um PIB negativo, ao menos por enquanto isto não está se concretizando.

Estímulo ao crescimento

O Fed fez sete cortes nos juros básicos americanos e adotou pacotes de estímulo ao consumo. O PIB americano cresceu 1,9% no segundo trimestre de 2008, ligeiramente abaixo das expectativas de 2%. No Reino Unido, o PIB cresceu 0,2% entre abril e junho. No ano, a economia avançou 1,6%.

¿ As políticas monetária e fiscal, adotadas nos Estados Unidos, deram resultado e, agora, é preciso saber como os bancos centrais vão se comportar com o risco inflacionário crescente ¿ diz Padovani.

Previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmam a desaceleração da economia, mas não um processo recessivo. A previsão do FMI é uma desaceleração da economia mundial para 4,1% em 2008 e para 3,9% em 2009, ante avanço de 5% em 2007.

Segundo o FMI, as economias emergentes e em desenvolvimento vão registrar uma desaceleração do crescimento para 6,9% em 2008 e para 6,7% em 2009, ante o ritmo de 8% registrado em 2007. A China deve crescer 9,7% em 2008, 9,8% em 2009, ante quase 12% em 2007. Já o PIB brasileiro, estima o FMI, desacelera de 5,4% em 2007, para 4,9% este ano e 4% em 2009.