Título: Chuva interrompe viagem de Lula
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2005, País, p. A5

Mau tempo força helicóptero do presidente a fazer pouso preventivo em fazenda a 32 quilômetros de Caruaru

Folhapress Fotos ABr De guarda-chuva, Lula salta do helicóptero que pousou na área descampada de uma fazenda em Pernambuco

BRASÍLIA - Menos de um mês após a estréia do Aerolula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou ontem por um contratempo aéreo. O helicóptero que o transportava teve de interromper a viagem e fazer um pouso forçado numa fazenda no município de Toritama, em Pernambuco. Lula viajava de Surubim e Caruaru quando, por causa do mau tempo, o piloto decidiu pousar na fazenda, a 32 quilômetros do destino final. O ''pouso preventivo'', como foi chamado pelo Planalto, tornou-se necessário porque o piloto ficou com a visibilidade comprometida.

Lula saiu de Surubim em um helicóptero Super Puma VH-34 na companhia dos ministros Tarso Genro (Educação) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e do vice-governador de Pernambuco, Mendonça Filho. O helicóptero tem configuração especial para a presidência e pode levar até nove pessoas. Outros dois assessores viajavam com o presidente.

Um segundo helicóptero do mesmo modelo, que trazia os ministros Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e Humberto Costa (Saúde), também pousou.

Lula havia deixado Surubim havia apenas 10 minutos. O tempo de vôo estimado entre as duas cidades, distantes cerca de 70 quilômetros, é de 20 minutos. Em Surubim, Lula inaugurou a terceira etapa do projeto de abastecimento do Jucazinho.

A chegada de Lula agitou a fazenda Catolé, de propriedade de Agamenon Gomes da Silva Júnior.

Durante 50 minutos, Lula cumprimentou crianças, distribuiu lanches e deu autógrafos.

- O presidente conversou com os meninos que estavam no local, perguntou se estavam estudando. Todo mundo parou para ver - afirmou Eduardo Campos, pouco depois do incidente.

Lula, então, pegou carona em um carro de sua comitiva que vinha de Surubim, onde o presidente havia iniciado o trecho de helicóptero.

Em janeiro, na viagem que fez para Veranópolis (RS), o mesmo helicóptero apresentou um problema técnico e não levantou vôo. Na ocasião, o presidente teve que usar um helicóptero reserva.

Em Surubim, Lula festejou o crescimento de 8,3% da indústria brasileira em 2004.

- Daqui para a frente, não tem choro nem vela. Nós vamos crescer mais - afirmou, em discurso de improviso feito na inauguração da adutora da barragem de Jucazinho, zona rural do município.

A expansão do ano passado, disse, é a demonstração que o governo ''encontrou o caminho''

- A economia neste ano vai ser muito melhor. Não existe lugar para o pessimismo nesse país.

Lula voltou a pregar o otimismo para as cerca de 500 pessoas que acompanharam o evento - a maioria trazida em veículos fretados pelo prefeito de Surubim, Flávio Nóbrega (PT). Recuperando uma retórica de campanha, disse a eles que ''nunca houve tanta esperança como hoje''.

Lembrando também que a obra inaugurada ontem foi iniciada em governos passados, afirmou que, por sua determinação, a prioridade nos ministérios é não iniciar obras novas sem que as anteriores estejam concluídas.

- No Brasil, criou-se a cultura de que é preciso deixar a cara do governante em uma obra. Tem gente que inaugura uma obra sem nenhuma responsabilidade. Tem pressão de governador, de deputado, do povo. O que não falta é demoniozinho pedindo para você fazer coisa precipitada e errada - contou.

O sistema de abastecimento de Jucazinho começou a ser estruturado ainda no governo de Itamar Franco. As obras físicas da barragem, porém, só foram iniciadas em 1996, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em 13 de fevereiro de 1998, meses antes de sua reeleição, FH visitou a obra para inaugurar a barragem. Em seu discurso, dividiu os méritos com Itamar.

Lula criticou o tratamento dado ao Nordeste pelos governos passados e disse que, se a região continua pobre, é porque nunca foi tratada como prioritária para o desenvolvimento:

- Sempre ficou por conta dos coronéis da política local.