Título: Venezuela é o próximo destino
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2005, País, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca amanhã para a Caracas com o objetivo de fechar uma aliança de cooperação entre o Brasil e a Venezuela. As principais ações devem se concentrar na área de energia, como exploração e produção de petróleo e gás, indústria petroquímica e produção de etanol e biodiesel, mas também incluem projetos de projetos de infra-estrutura e telecomunicações.

A iniciativa faz parte da estratégia de constituir uma comunidade Sul-Americana de Nações. A expectativa é de que Lula e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciem também um acordo para evitar a bi-tributação de empresas.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, entre as principais medidas a serem acertadas entre os dois presidentes está a intensificação da cooperação entre as petroleiras estatais Petrobras e PDVSA na exploração conjunta de áreas, atuação em terceiros mercados, transporte de óleos e derivados, além de atividades de refino e petroquímica. Os dois países também irão formar uma comissão mista na área energética.

Os acordos a serem assinados foram costurados pela ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, e pelo assessor internacional Marco Aurélio Garcia. Ambos estiveram em Caracas, em janeiro, acompanhados de uma delegação formada por representantes da Petrobras, da Eletrobrás e de empresas privadas.

Durante a rápida visita de Lula - ainda na segunda-feira o presidente segue para Guiana - será anunciada a criação de uma empresa binacional com participação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e da Corpozulia para a exploração das reservas carboníferas de Socuy, na Venezuela.

O Itamaraty destaca, ainda, a assinatura de acordos destinados a agilizar a linha de crédito do BNDES para financiamento da exportação de bens e serviços brasileiros para projetos de infra-estrutura na Venezuela; e a ampliação do uso do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-americana de Integração (Aladi).

Será avaliada, ainda, a possível criação de fundo de garantia e de mecanismos de compensação de compras entre instituições públicas e a realização de macro-rodadas binacionais de negócios, dentro do quadro do Programa de Substituição Competitiva de Importações (PSCI), que visa estimular o intercâmbio comercial entre os dois países, cujo valor superou US 1,6 bilhão em 2004.

Marco Aurélio Garcia explicou que a cooperação com a Venezuela traz ganhos para o Brasil, além de contribuir para a integração do continente.

- O Brasil com isso está consolidando um dos seus grandes princípios políticos, que é a constituição de uma comunidade Sul-Americana de Nações - destacou.

Outro setor que poderá ter cooperação entre o Brasil e a Venezuela, segundo o Itamaraty, é o da área de defesa, no que se refere à vigilância da Amazônia. A expectativa brasileira é de que a Embraer venha reaparelhar e fornecer novos aviões Tucanos para a Força Aérea Venezuelana.

O Itamaraty destaca que a presença de importantes empresas brasileiras na Venezuela poderá estimular projetos de infra-estrutura que já contam ou poderão contar com a participação de construtoras brasileiras, que incluem a segunda e a terceira pontes sobre o Rio Orinoco, as linhas 3 e 4 do metrô de Caracas, a hidrelétrica de La Vueltosa e o projeto de irrigação El Dilúvio.