Título: Rádio e TV podem mudar cenário
Autor: Seabra, Marcos
Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2008, Eleições Municiapais, p. A14

Candidatos que vão mal nas pesquisas aguardam o início do horário eleitoral gratuito.

SÃO PAULO

A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão começa em 19 de agosto, e, junto com ela, a esperança de virada para dezenas de candidatos. Até 2 de outubro, quando acaba a propaganda, aqueles considerados favoritos nas eleições municipais, como o prefeito Gilberto Kassab (DEM), em São Paulo; Márcio Lacerda (PSB), em Belo Horizonte e Eduardo Paes (PMDB), no Rio de Janeiro, querem reverter os resultados pífios que apresentaram, até agora, nas pesquisas.

Para Marcelo Coutinho, pesquisador da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a campanha só começa realmente com o horário eleitoral gratuito.

¿ Para os candidatos desconhecidos, a propaganda é muito importante, com aspectos especiais em Belo Horizonte, por exemplo, onde praticamente todos são desconhecidos. Para os já conhecidos a idéia é reforçar o conhecimento do eleitor ¿ acredita Coutinho.

Em São Paulo, Kassab precisa de pelo menos mais 20 pontos percentuais na preferência do eleitorado para empatar com os principais adversários: a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). De acordo com o último levantamento do Instituto Datafolha, o prefeito paulista tem 11% das intenções de voto - caiu dois pontos em relação à pesquisa anterior - contra 36% de Marta, e 32% de Alckmin.

Se Kassab espera uma virada a partir do horário eleitoral gratuito, os indicadores não são bons. Em 2004, quando Serra foi eleito com Kassab como vice, em uma semana de propaganda, Marta subiu quatro pontos nas pesquisas, indo para 34%. Serra subiu de 25% para 30%. Maluf caiu dos 19% para 16%. Depois de 15 dias de propaganda, a petista caiu um ponto percentual e o tucano subiu sete pontos. Mais 15 dias, e Serra desceu para 35%, enquanto Marta subia para 35%. Maluf ficou com 12%. Ou seja, durante o período de propaganda eleitoral gratuita, Serra conseguiu subir 10 pontos percentuais e Marta cinco. Maluf perdeu sete pontos.

Em Belo Horizonte, as dificuldades se repetem com Márcio Lacerda. Ele tem 6% das intenções de voto, segundo o Datafolha, atrás de Leonardo Quintão (PMDB), com 9%, e empatado com Vanessa Portugal (PSTU). Quem lidera é Jô Moraes (PCdoB) com 16%, desconhecida da média do eleitorado.

Em julho de 2004, três dias antes da propaganda eleitoral gratuita, o então candidato petista Fernando Pimentel tinha 31% das intenções de voto ¿ segundo o Ibope ¿ contra 35% de seu único adversário de peso, João Leite, do PSB. Uma semana antes da eleição, Pimentel disparou e subiu 29%. Leite desceu para 20% e Brant chegou a 5%.

O presidente do PSB-MG, Wander Borges, acha que a situação vai mudar a favor de Lacerda com o horário eleitoral:

¿ Ao contrário de São Paulo, onde praticamente 100% dos eleitores já se definiram, em Belo Horizonte só 35% já têm candidao. A sociedade está aguardando a propaganda eleitoral para decidir.

A situação de Kassab e Lacerda se parece com a do PMDB no Rio. Entre 23 e 24 de julho, com 24% das intenções de voto, Crivella (PRB) liderava a disputa. Jandira Feghali (PCdoB) apareceu em segundo, com 16%, e Eduardo Paes em terceiro, com 13%..

No Rio, em 2004, a 15 dias do do horário eleitoral, César Maia (PFL) tinha 41% das intenções. Crivella (PL) tinha 16%, e Luis Paulo Conde (PMDB), 9%. Uma semana antes da eleição, Maia tinha 45%, Crivella 15% e Conde 13%.