Título: Crivella e seu primeiro gol de placa
Autor: Braga, Carlos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2008, Eleições Municipais, p. A5

Senador propõe anistiar clubes pequenos em troca da utilização de suas estruturas

Carlos Braga

Foi como uma volta no tempo. Apesar da fisionomia cansada, Crivella relembrou seu passado de atleta para ilustrar a importância do esporte em seu programa de governo, durante encontro com representantes de clubes cariocas, ontem, na sede Federação de Futebol do Rio, no Maracanã. Jogando para a platéia, formada por Madureira, Portuguesa, América, Olaria, Bonsucesso e outros, Crivella abriu o marcador ao anunciar a idéia de permitir que os clubes convertam parte de suas dívidas com a prefeitura em projetos sociais. A idéia seria uma espécie de parceria público-privada. Os clubes receberiam alunos da rede municipal e moradores de comunidades carentes das redondezas em troca de incentivos do governo municipal. Crivella também prometeu ajuda aos clubes que quiserem melhorar suas instalações para se adequar ao projeto de inclusão social.

¿ Esses meninos e meninas teriam aulas de esportes, uniforme, carteirinha, fariam exames médicos e ganhariam um lanche. Sei que os senhores não deixariam essas crianças sem um chocolate ¿ disse, em tom de brincadeira, lembrando do orgulho que tinha de sua carteira de remador do Clube Guanabara.

O candidato também ouviu os pedidos e reclamações dos representantes de clubes presentes ao encontro. O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, disse que uma das maiores preocupações era a falta de apoio por parte da prefeitura. Apoio que, segundo Lopes, os clubes do interior do estado têm de seus municípios. Ele citou o exemplo do clube de Rio das Ostras que veio disputar o campeonato de futebol amador no Rio em um ônibus cedido pela prefeitura de sua cidade. A outra queixa dos representantes dos clubes cariocas refere-se às vilas olímpicas construídas pela atual prefeitura. Segundo Lopes, estes centros esportivos acabam por retirar possíveis sócios dos clubes, que não têm como competir com os serviços gratuitos prestados por esses centros esportivos. Crivella elogiou as Vilas Olímpicas, as quais classificou como iniciativa extraordinária, mas ressaltou que o projeto não pode competir com as agremiações privadas que já existem.

¿ Os gastos que um clube tem com manutenção são enormes. Se abrirmos uma Vila Olímpica gratuita próxima, o clube quebra ¿ disse Crivella, prometendo que não vai inaugurar novas Vilas Olímpicas perto dos clubes.

Esporte contra crime

Para defender a importância da prática esportiva para impedir a entrada de jovens para o crime, Crivella recorreu a imagens poéticas. A oratório do candidato, porém, não comoveu algumas das pessoas na platéia e o presidente da Federação de Futebol, Rubens Lopes, que chegaram a tirar um curto cochilo durante a a fala do candidato.

¿ Uma das soluções para a nossa juventude é o esporte. Ele sublima a amargura e a tristeza. Num salto, o jovem parece vencer a miséria. A torcida o aplaude e ele sente que vale a pena viver ¿ defendeu Crivella.

Levantar novamente os pequenos e tradicionais clubes do Rio foi outro gol marcado por Crivella diante da platéia. Em certo momento, perguntou onde estavam o Bangu, o Olaria, o Campo Grande e o América. Prometeu reerguer essas agremiações para que voltem a ser competitivos.

¿ Vamos tornar estes clubes instrumentos de inclusão social e de alegrias para nosso povo ¿ encerrou.