Título: Chinaglia força o governo a recuar
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2008, País, p. A12

Múcio procura o presidente da Câmara para desfazer mal-estar

Karla Correia

BRASÍLIA

Diante da reação negativa da Câmara, o governo indica que pode recuar da edição da medida provisória que transforma a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca em ministério. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, deve conversar nos próximos dias com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) na tentativa de diminuir o clima de confronto com a Casa por conta da MP que cria o ministério e mais 295 cargos de confiança (DAS) no Executivo.

A edição da medida quebrou o "acordo de cavalheiros" entre Palácio do Planalto e Congresso pela redução drástica do volume de MPs, parte da negociação entre Executivo e Legislativo em torno da PEC em tramitação no Parlamento que impõe restrições à publicação de medidas provisórias. O envio da MP gerou uma crise entre os dois Poderes e Arlindo Chinaglia fez questão de demonstrar sua irritação a líderes governistas e diante das câmeras. Foi seguido pelos partidos de oposição, que passaram a obstruir a pauta da Casa, já travada por quatro medidas provisórias.

¿ Corremos o risco de ver medidas provisórias perderem a validade por falta de tempo para votá-las ¿ disse Chinaglia, na semana passada.

Negociação

De acordo com o ministro José Múcio Monteiro, o Planalto está disposto a ouvir o que Chinaglia defende para tentar não comprometer as votações do segundo semestre no Parlamento, já complicadas pela falta de quorum natural do período de eleições nos municípios.

¿ Não adianta uma queda de braço com a Câmara, faremos o necessário para aprovar o texto ¿ disse Múcio, ontem, indicando que o governo pode recuar e enviar o tema sob forma de Projeto de Lei.¿ Vamos ouvir as demandas da Câmara, saber o sentimento da Casa. O que o governo quer é o produto, a votação. Se ficar insistindo em mal-entendido, pode comprometer todo o segundo semestre.