Título: Galeão opõe Estado e Infraero
Autor: Leandro, Eloisa
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2008, Economia, p. A17

Cabral cobra obras no aeroporto para não atrapalhar candidatura do Rio à Olimpíada de 2016

Eloisa Leandro

"O presidente Lula foi comigo a Pequim e pediu votos para o Rio. Por isso, não vai admitir que o Aeroporto do Galeão seja o vilão, o responsável pela derrota da candidatura do Rio". O discurso do governador Sérgio Cabral, durante seminário sobre o aeroporto, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) teve um destinatário direto. Ele estava sentado na cadeira ao lado. Era Sergio Gaudenzi, o presidente da Infraero, a estatal que administra os terminais do país. Cabral cobra obras de reforma e ampliação do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, apontado como um dos entraves para o Rio vencer cidades como Tóquio, Chicago e Madri e sediar a Olimpíada de 2016. Cabral defende a estadualização do aeroporto para que o Estado possa abrir uma concessão para empresas privadas.

O Estado apresentará aos técnicos do Comitê Olímpico Internacional (COI), que estarão no país em fevereiro, os investimentos que precisarão ser feitos para consolidar a candidatura da cidade. De acordo com a última avaliação do COI, o Galeão foi apontado como um dos pontos mais fracos do Rio, distante de atender a estimativa de um aumento de fluxo de 500 mil pessoas.

¿ Agora sabem qual a pior nota dada ao Rio? O Aeroporto do Galeão, não vou falar Tom Jobim. Apenas 3,7 ¿ critica o governador em discurso no seminário Tom Jobim: o futuro é agora - solução para a retomada da importância estratégica do Aeroporto Internacional para o Estado e o país. Ele quer a liberação dos R$ 400 milhões para a reforma do Terminal 1 e conclusão do Terminal 2 conforme a Infraero havia divulgado, mas ainda considera o número insuficiente, segundo estudos do governo do Estado. ¿ Serão necessários mais de R$ 500 milhões para estruturar o Galeão. As obras durariam em média três anos e meio.

Por meio de nota, a Infraero informou que os recursos destinados ao Galeão somam R$ 600 milhões. De acordo com o texto, serão investidos R$ 221,5 milhões no Terminal 1, R$ 280 milhões no Terminal 2, R$ 74,5 milhões no sistema de pátios e pistas e R$ 24 milhões no Terminal de Cargas. O prazo para as obras, entretanto, não é informado. A nota é uma forma de contestar as informações do governo do Estado, que mostra um déficit operacional de R$ 196 mil por ano.

Apesar de a estatal informar esse valor, os recursos não constam no orçamento da União. Dos R$ 400 milhões divulgados previamente e usados pelo governo do Estado, só R$ 36,1 milhões foram liberados para investir em elevadores, escadas rolantes e novas instalações hidráulica e elétrica. O recurso é fruto de uma emenda apresentada pela Câmara Federal em 2007, que pedia R$ 180 milhões para a reforma do Tom Jobim.

Emendas no Orçamento

¿ A bancada federal luta para que novos recursos para o Tom Jobim sejam incluídos no orçamento da União de 2009. Apresentaremos outras emendas mês que vem ¿ garante o deputado Otavio Leite (PSDB), que participou do seminário.

Quanto aos R$ 364 milhões restantes, a Infraero alega que remanejará verba de obras ainda não realizadas. Dos 16 aeroportos que tiveram recursos liberados pelo governo federal este ano, o Galeão ocupa a 9ª colocação em relação à quantidade de recursos.

Sergio Gaudenzi, da Infraero, admitiu que o Tom Jobim enfrenta uma situação crítica. Apresentou o projeto de reforma e ampliação do aeroporto e afirmou que a estatal injetou R$ 70 milhões em melhorias no aeroporto este ano.

¿ Vamos concluir o Terminal de passageiros 2 e reformar completamente o Terminal 1. Acredito que em 3 anos e meio o Galeão estará pronto ¿ promete.

O presidente da Infraero foi bombardeado com as críticas do governador Sérgio Cabral, que pediu uma resposta imediata quanto à liberação do recurso.

¿ Temos de entregar até o fim deste ano ao COI propostas concretas e validadas de investimentos no Galeão. Vamos receber aqui uma comissão do comitê internacional para vistoriar a cidade ¿ preocupa-se Cabral.

Em contrapartida, Gaudenzi defende-se e afirma que o planejamento está sendo cumprido.

¿ Enquanto não houver outra determinação, cabe à Infraero cumprir o planejamento estabelecido.