Título: Rumsfeld vai ao Iraque em meio à violência
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2005, Internacional, p. A8

A visita de surpresa do secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, ontem, para parabenizar as tropas americanas e iraquianas pelo trabalho nas eleições de 30 de janeiro, não alterou a rotina de violência do Iraque. Desde o pleito, pelo menos 90 pessoas morreram. Ontem, 22 iraquianos foram vítimas da explosão de um carro-bomba em uma mesquita e de um ataque a uma padaria nos arredores de Bagdá. Estas mortes somam-se às 65 registradas na véspera.

Rumsfeld discursou no aeroporto de Mossul e afirmou que a formação das forças iraquianas é tarefa prioritária:

- Aos iraquianos, cabe a tarefa de derrotar os rebeldes. Em seus país, é sua responsabilidade. Uma vez que as forças de segurança tenham a confiança e a capacidade, nossas tropas, da coalizão, poderão voltar para casa com honras.

O trabalho do Exército promete ser árduo. No ataque de ontem à mesquita xiita em Balad Ruz, ao Nordeste de Bagdá, 13 pessoas morreram e outras 23 ficaram feridas. Os fiéis deixavam o templo depois de participar de uma cerimônia ligada ao período sagrado de Ashura, data sagrada para os xiitas. A Organização da Al Qaeda para a Guerra Santa na Mesopotâmia , liderada pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, assumiu a ação.

A explosão do carro-bomba ocorreu horas depois de um porta-voz do Conselho Supremo da Revolução Islâmica, o principal partido xiita, anunciar que Amaar Al Hilali, representante em Bagdá do aiatolá Ali Sistani - autoridade máxima religiosa da comunidade - havia sido ferido em um atentado.

Pela manhã, os insurgentes haviam realizado um ataque a tiros a uma padaria da capital, no qual nove pessoas morreram: seis empregados e três clientes. A polícia desconhece o motivo deste atentado, já que o estabelecimento não tem relação com as autoridades provisórias e as forças de segurança iraquianas, alvos freqüentes da insurgência. Entretanto, este foi o segundo ataque a uma padaria. Há um mês e meio o alvo foi o comércio do bairro de Al Azamiya, em Bagdá. Observadores locais atribuíram a primeira ação ao fato de a padaria vender pão às tropas americanas.

Além de outros ataques isolados, que deixaram soldados mortos, o grupo de Al Zarqawi anunciou ter seqüestrado, na quarta-feira, um funcionário do ministério do Interior do Iraque, o coronel Riyadh Aliwi.

Um diferente grupo de insurgentes também seqüestrou 20 policiais que estavam internados em um hospital em Salman Pak (ao Sul de Bagdá). Eles tratavam os ferimentos sofridos nos combates de quinta-feira contra rebeldes da região.

Todos estes ataques foram precedidos pela morte de mais de 30 pessoas, pelo menos dez delas policiais, em combates entre as forças de segurança iraquianas e membros da insurgência, na quinta-feira à noite, em Salman Pak, ao Sul de Bagdá. Há 50 feridos.

Mais 35 pessoas morreram em enfrentamentos e ataques registrados também na quinta-feira em diferentes pontos do Iraque, no dia mais sangrento depois das eleições.