Título: Para militares, resolução foi técnica e não emocional
Autor: Dantas, Cláudia
Fonte: Jornal do Brasil, 08/08/2008, País, p. A2

Durante seminário realizado ontem no Clube Militar, no Centro do Rio, alguns militares, a maioria da reserva, se manifestaram sobre a decisão do STF de liberar os candidatos com ficha suja para concorrerem às eleições deste ano. O presidente do Clube, general Gilberto Barbosa Figueiredo, disse que respeita a decisão, apesar de ter opinião contrária à da maioria dos ministros do Supremo.

¿ Eu vejo a decisão do STF com respeito, mas preferiria, como quase toda a população brasileira, que os candidatos que tivessem ficha suja, como se diz por aí, não pudessem ser candidatos. ¿ afirmou. ¿ Mas os ministros do Tribunal tiveram que decidir tecnicamente, e não emocionalmente. A única coisa que nós temos que fazer é respeitar.

A tendência entre os presentes ao seminário era a de apoiar a decisão dos ministros em Brasília. O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Batista também pregou o respeito à decisão do STF.

¿ Foi uma decisão baseada em fundamentos jurídicos e tomada por uma grande maioria dos ministros do STF. Ela tem que ser respeitada ¿ afirmou Batista.

Já o deputado federal Jair Bolsonaro preferiu culpar a Constituição e relembrar os tempos de ditadura, citando o AI-5 que, segundo ele, "cassava os corruptos e não deixava os picaretas se candidatarem". Bolsonaro defendeu os ministros do Supremo.

¿ Resolveram botar na Constituição a presunção da inocência e dizer que qualquer um só será considerado culpado depois de transitado em julgado. Então, à luz da Constituição, o Supremo não poderia fazer outra coisa. Não queriam democracia? Não queriam votar? Então, estão votando.

Outros militares, como o general da reserva Domingos de Campos, não se comprometeram:

¿ Pergunte ao presidente do Clube. A palavra dele é também a minha palavra.