Título: Cabral discute modificações em encontro no Guanabara
Autor: Cruz, Julia
Fonte: Jornal do Brasil, 21/08/2008, Tema do dia, p. A2

Até hoje, o governador Sérgio Cabral mantinha-se discreto e reservado quando o assunto girava entorno dos royalties. Hoje, entretanto, vai começar a agir. Para tentar evitar que o Rio perca receita das compensações com as gigantescas reservas de petróleo no pré-sal, Cabral se reúne hoje com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB). O almoço será no Palácio Guanabara e o prato principal será o debate sobre a mudança nas regras que afetariam os dois Estados. O tema é tratado no governo de forma tão discreta que o encontro não está na agenda oficial de Cabral ­ mas foi confirmado pelo governo do Espírito Santo. Com ou sem clima de suspense, a conversa marcará a entrada do governador no assunto.

De acordo com pessoas próximas a Cabral, o governador ainda não teria decidido exatamente que passo tomar. Pretende trocar idéias com o colega e discutir o que os Estados poderiam fazer para evitar uma perda gigantesca de uma arrecadação que davam praticamente como certa. Hoje, o Rio recebe perto de 80% dos royalties destinados aos Estados. Mas também produz 80% do petróleo do país. O Espírito Santo também tem uma arrecadação expressiva em vista dos campos de petróleo situados na área de influência do Estado.

Estréia do pré-sal

A presença de Hartung é significativa. No dia 2, conforme o JB antecipou na edição de 13 de julho, a Petrobras inaugura a primeira extração oficial na área do pré-sal quando estarão na plataforma P-34, no Campo de Jubarte, na Bacia do Espírito Santo, Lula, ministros e funcionários da estatal.

O evento marca a estréia da província petrolífera que se estende até Santa Catarina e ninguém sabe exatamente quantos bilhões de barris de petróleo de alta qualidade tem. As estimativas partem de 50 bilhões de barris.

Aliados de Cabral acham que os dois governadores podem tentar algum tipo de aliança para ensaiar uma resistência ao projeto patrocinado por integrantes do governo e senadores como Aloizio Mercadante (PT-SP). O Planalto quer usar o dinheiro dos royalties do pré-sal para aplicar num fundo de educação e ajudar na redução da pobreza do país ­ ou eliminá-la, nas palavras de Lula. No governo do Rio, o assunto é tratado como uma forma de "bagunçar" as finanças fluminenses.

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"A verba é fundamental para a cidade, e pode custear projetos importantes, como a educação" | Alessandro Molon, Candidato do PT

"No Rio, há vários Nordestes e temos muitos problemas para resolver. Em SP, ninguém se mete na produção do Estado" | Chico Alencar, candidato do PSOL

"São recursos muito importantes para a cidade e o prefeito precisa estar atento para não perder esta quantia" | Eduardo Paes, candidato do PMDB

"Este é um movimento da bancada paulista, não interessa ao Rio e nem à Bahia. Vou lutar contra no Senado" | Marcelo Crivella, candidato do PRB