Título: Unidos pela defesa dos royalties
Autor: Cruz, Julia
Fonte: Jornal do Brasil, 21/08/2008, Tema do dia, p. A2
Rivais na briga pela prefeitura, candidatos se juntam contra proposta de mudança na distribuição, considerada provocação da bancada paulista
Julia Cruz
A proposta de mudança na distribuição dos royalties, que prejudicará a arrecadação da cidade do Rio quando começar a exploração da camada pré-sal, conseguiu um verdadeiro milagre: unir os candidatos à prefeitura. Da esquerda aos moderados, todos foram unânimes em se posicionar contra as alterações em pauta em Brasília. A polêmica virou combustível para a velha rivalidade entre Rio e São Paulo. Gabeira (PV), Solange (DEM) e Crivella (PRB) atribuíram a manobra a interesses do vizinho.
- Sou contra mexer nas regras. É uma riqueza do Rio e do seu litoral, o dinheiro tem que ser usado aqui e nos Estados que possuem esse potencial disse Crivella, que se comprometeu a lutar contra a proposta no Senado.
- É um movimento da bancada paulista. Não interessa ao Rio e nem à Bahia.
Solange Amaral também pegou pesado ao criticar São Paulo, classificando a medida como uma grave afronta aos direitos do Rio.
- Que culpa nós temos se eles não têm petróleo? Quem produz também tem ônus, como o desastre ambiental na Baía de Guanabara.
Mais conciliador, Eduardo Paes (PMDB) receitou a boa capacidade de articulação como fórmula para evitar maiores perdas.
- São mais de R$ 100 milhões que a cidade do Rio pode perder. calculou. Nesta hora é importante ter um prefeito com uma boa capacidade de articulação com o governador e com o presidente.
A presença da Petrobras, das bacias e da exploração nos limites do Estado justificam, na opinião do candidato do PV Fernando Gabeira, a manutenção das regras atuais.
- Esta iniciativa partiu do senador (Aloísio) Mercadante, do PT paulista. Vou resistir aqui e no Congresso. Na lei do petróleo não se mexe discursou Gabeira, ao prometer usar sua influência no Congresso contra a proposta. Se o Lula quiser, que a iniciativa parta dele.
Projetos prejudicados
O candidato do PSOL, Chico Alencar, ressaltou a importância dos recursos para manter a infra-estrutura da cidade e outros investimentos que cabem à prefeitura.
- O Rio não pode perder os royalties do petróleo para o resto do Brasil. No Rio, há vários Nordestes e temos muitos problemas ainda para resolver comparou Alencar.
Na mesma linha, o petista Alessandro Molon argumentou que a perda prejudicaria futuros projetos do município.
- Essa verba é fundamental para a cidade, e pode custear projetos importantes, como por exemplo, a educação arrematou.
O candidato do PDT Paulo Ramos valorizou seu lado parlamentar e prometeu tomar uma atitude na Assembléia Legislativa:
- Os royalties geram muitos empregos. Como presidente da Comissão de Trabalho da Assembléia Legislativa, farei uma audiência pública com todos os setores interessados garantiu.
Com uma memória histórica, Jandira Faghali lembrou que o Rio já foi muito prejudicado quando a capital foi transferida para Brasília e colocou a perda dos royalties em um patamar semelhante:
- Agora, o Rio não pode mais ser prejudicado em relação ao que recebe de seus campos petrolíferos.