Título: Mantega: país vai aplicar recursos no exterior
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/08/2008, Economia, p. A17
Viviane Monteiro BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo pretende deixar no exterior parte dos recursos financeiros a serem arrecadados com as exportações do petróleo do pré-sal a fim de impedir que haja internamente aumento da inflação ou valorização "excessiva" da moeda brasileira.
Para o ministro, o Brasil poderá se tornar um grande exportador de petróleo do pré-sal, cuja riqueza deve render ao país entre US$ 200 bilhões e US$ 500 bilhões, segundo estimou. Ele disse que a definição do modelo de exploração de petróleo do pré-sal sairá até o fim de setembro.
- O Brasil vai fazer como outros países fizeram, não vai colocar dentro do país todos os dólares que vai auferir com o petróleo do pré-sal disse. O ministro assegurou que o governo quer evitar a "tal famosa doença holandesa". Ou seja, o governo quer evitar o que aconteceu na década de 60 na Holanda que priorizou a exploração do petróleo sem estimular as outras atividades econômicas.
Membro da comissão do governo criada para estudar as possibilidades "mais viáveis" para o país, no caso da exploração do petróleo do pré-sal, Mantega declarou que o governo pretende criar um modelo que atenda as necessidades da população brasileira.
- Parte de toda essa riqueza imensa, de centenas de bilhões de dólares, será utilizada para educação, para saúde, para diminuir a dívida (pública) e para aumentar as reservas em prol da sustentabilidade do país em longo prazo disse.
Além disso, Mantega afirmou que parte dos recursos do petróleo do pré-sal poderá ser aplicado, futuramente, no fundo soberano do Brasil, em trâmite no Congresso Nacional, que inicialmente teria recursos de 0,5% da meta do superávit primário, estimada em 4,3% do PIB R$ 14 bilhões.
As declarações do ministro foram feitas em entrevista coletiva no Congresso, depois de se reunir na manhã de ontem com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a quem pediu para agilizar a votação da aprovação de projetos considerados importantes para a economia brasileira, como a reforma tributária, a proposta que cria o Fundo Soberano.