Título: Adepto do Estado mínimo contra a ineficiência
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 23/08/2008, Economia, p. A17

O debate que se seguiu à apresentação de Hausmann foi marcado pelo consenso em torno da ineficiência do Estado brasileiro na gestão dos recursos e da urgência da implementação de políticas de governo voltadas para estimular a poupança pública.

Os interlocutores do economista venezuelano foram Marcos Lisboa, membro da diretoria do Unibanco e Marcelo Moura, pesquisador e professor de macroeconomia do Ibmec São Paulo.

¿ A poupança pública é o maior problema do país ¿ diz Lisboa, referindo-se à receita disponível para o governo, depois de subtrair os gastos correntes e a inflação. ¿ Quanto maior este montante, menos o Estado vai precisar sugar dinheiro da sociedade ou aumentar a taxa de juros ¿ diz, antes de acrescentar que reforço deste fundo aconteceu em todos os países europeus desenvolvidos.

Definindo-se como otimista entre os debatedores, Lisboa frisou a importância do ajuste fiscal na conjuntura brasileira:

¿ No cenário da crise internacional o nível de gravidade que nos atinge é menor que no passado. Antes, os outros países sentiam um friozinho e nós já estávamos na UTI, agora eles estão com gripe e nós estamos com um leve agasalho. Nisto, a questão fiscal é de extrema relevância. É a melhor vacina, porque ajuda a combater a inflação e fortalece a economia.

Gestão pública

Segundo o diretor do Unibanco, a mentalidade da gestão pública já aponta mudanças em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.

¿ Espero que estas boas políticas públicas motivem o debate do tema em 2010.

¿ Chegamos tarde na festa do crescimento mundial e vamos sentir o baque ¿ diz Marcelo Moura, que acredita que na capacidade norte-americana de superação da crise interna. ¿ Os Estados Unidos sabem resolver seus problemas, o Fed tem muita bala na agulha e vai continuar ajudando as instituições financeiras em perigo ¿ diz ele, que ainda vê como tranqüila a situação na China. ¿ Com o controle político centralizado e os recursos disponíveis, não haverá problemas para os chineses manterem as taxas de crescimento.

Mas Moura não acha que a estabilidade das duas potências detenha a queda das taxas de crescimento mundial, incluindo a brasileira.

¿ Acredito que vamos baixar para um crescimento que oscile entre 3% e 4%, o que é uma taxa medíocre para um país como o Brasil.