Título: Sob a linha vermelha
Autor: Arthur Ituassu
Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2005, Internacional, p. A8

Encontro em Bratislava - Vladimir Simonov Analista político - RIA Novosti

Na reunião em Bratislava, os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos vão se mostrar líderes diferentes do que foram no primeiro encontro em Ljubljana, capital da Eslovênia, quando os dois chefes de Estado apresentaram-se como parceiros políticos em início de mandato. Hoje, Bush e Putin se reúnem convictos de que seguem, cada um, o caminho certo. Por isso, ambos podem se mostrar menos sensíveis ao posicionamento do interlocutor e mais intransigentes na defesa dos interesses nacionais, sobretudo no que se trata do espaço pós-soviético.

Evidentemente, Moscou não deseja (e não é capaz) de afastar totalmente os EUA de temas como a expansão do radicalismo islâmico e o desenvolvimento dos processos democráticos nas ex-Repúblicas soviéticas. ''Não me venham dizer que ninguém, a não ser a Rússia, pode agir no espaço pós-soviético'', disse o presidente Putin, recentemente. O chefe de Estado afirmou a preocupação prioritária de fazer da nação ''um país geopoliticamente competitivo''.

A cúpula vai ocorrer num momento em que as críticas americanas focam no desequilíbrio entre a sociedade civil e o poder autocrático em Moscou. O caso Yukos e o estrangulamento da democracia russa são temas freqüentes na mídia e nos bastidores do poder nos EUA. Se Bush tiver a coragem de levantar essas questões, Putin tem a resposta na ponta da língua. A Rússia, ao passar de uma economia planificada para uma de mercado, está longe de ser uma democracia perfeita, mas pretende fazer isso da sua própria maneira e sem a intervenção de ninguém nos assuntos internos russos.