Título: Estrangeiros em alta na Bolsa
Autor: Aluisio Alves e Simone Cavalcanti
Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2005, Economia, p. A17

Recurso externo puxa recorde na Bovespa

Enquanto os empresários se queixam, o mercado financeiro é só alegria. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou entrada líquida de R$ 2,172 bilhões em recursos de investidores estrangeiros nos primeiros vinte dias de fevereiro, na compra de R$ 8,947 bilhões em ações de empresas domésticas e na venda de R$ 6,774 bilhões. O pregão de ontem registrou o quinto recorde do Ibovespa no ano, em alta de 1,71%, marcando 26.198 pontos, patamar mais elevado da história. O volume negociado, de R$ 1,8 bilhão, ficou bem acima da média de janeiro, de R$ 1,2 bilhão.

As ações da Companhia Vale do Rio Doce registraram a maior alta, de 4,05%, na esteira dos reajustes do preço do minério de ferro superiores a 71% com siderúrgicas internacionais. Além desse papel, os estrangeiros negociaram também elevado volume de ações da Petrobras.

Considerando janeiro, o ano de 2005 contabiliza um superávit de R$ 2,747 bilhões - o equivalente a mais de US$ 1 bilhão. Os estrangeiros são os grandes responsáveis, junto com a boa safra de balanços das companhias abertas, pela alta do Ibovespa no mês, que registrou valorização de 9,9%, compensando a queda de 7% verificada em janeiro.

De 1º a 20 de fevereiro, o capital externo movimentou mais de um terço dos negócios. Com isso, a participação no volume transacionado na Bolsa chegou à média anual de 33,3%, a maior desde o Plano Real. A fatia do grupo pessoa física, que era de 26,1% em janeiro, caiu para 21,6%. Já a participação dos institucionais aumentou de 28,5% para 30,2%.

Segundo a Bolsa, considerando-se os primeiros vinte dias de cada mês, o saldo positivo de investimentos estrangeiros é o maior da história. O recorde anterior era de junho de 2000 (R$ 1,832 bilhão).

A equipe da Fator Corretora aposta que o Ibovespa deve bater recordes sucessivos de pontuação até fechar este ano com 32 mil pontos (está em torno de 27 mil). De acordo com Alexandre Atherino, diretor da corretora, mais importante do que isso é a expansão do próprio mercado.

- O ambiente econômico está muito bom, a Bolsa está aquecida.

Para ele, as perspectivas são de que mais empresas médias ingressem no mercado para se capitalizar.

- Quanto mais setores diferenciados abrirem seu capital, mais opções para os investidores e melhor para o mercado.