Título: Caem desemprego e renda em SP
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2005, Economia, p. A19

Mercado de trabalho brasileiro se assemelha cada vez mais ao asiático, aponta economista

A taxa de desemprego total na região metropolitana de São Paulo caiu de 17,1% para 16,7% da População Economicamente Ativa (PEA) entre dezembro e janeiro. A taxa é a menor para o mês de janeiro desde 2001. O contingente de desempregados no mês passado foi estimado em 1,659 milhão de pessoas.

Em relação a janeiro de 2004, a taxa de desemprego total diminuiu 12,6%, o que representou a saída de 209 mil pessoas do contingente de desempregados. Nesse período, foram geradas 365 mil ocupações, número superior ao de pessoas que ingressaram na força de trabalho (156 mil).

Mesmo com a eliminação de 55 mil ocupações, o contingente de desempregados diminuiu em 59 mil pessoas em decorrência da saída de 114 mil pessoas da força de trabalho.

Segundo a pesquisa, a redução de 0,7% no nível ocupacional da região deveu-se, principalmente, à eliminação de postos de trabalho no setor de serviços (46 mil) e no agregado de outros setores (64 mil), que engloba a Construção Civil e os Serviços Domésticos, uma vez que houve aumento na Indústria (31 mil) e no Comércio (24 mil).

A despeito da queda do desemprego, o nível salarial teve movimento inverso. Os rendimentos médios reais de ocupados e assalariados em dezembro diminuíram 4,4% e 2,1%, respectivamente, na comparação com igual mês de 2003, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade e pelo Dieese.

No setor privado, o salário médio real teve redução de 1,5%, entre novembro e dezembro, resultado da diminuição dos rendimentos pagos na indústria (0,5%), no comércio (0,8%) e no setor de serviços (1,4%). Nos últimos 12 meses, o rendimento médio dos assalariados no setor privado apresentou decréscimo de 3,3%, devido principalmente à redução na indústria (6,7%) e, em menor medida, no comércio (0,5%) e no setor de serviços (0,9%).

De novembro para dezembro, o rendimento médio dos assalariados com carteira assinada do setor privado diminuiu 2,1% e o dos sem carteira aumentou 1,1%, para R$ 1.115 e R$ 655, respectivamente. Já o rendimento médio dos autônomos teve variação de 0,5%, passando para R$ 729.

Na comparação com dezembro de 2003, o rendimento médio dos trabalhadores autônomos manteve-se praticamente estável (0,3%) e o dos assalariados com e sem carteira assinada reduziram-se em 2,8% e 5,3%, respectivamente.

Para o economista Márcio Pochmann, o Brasil adquire cada vez mais um mercado de trabalho nos padrões asiáticos, com jornadas elevadas, salários baixos e pouca estabilidade. A flexibilidade dos contratos de trabalho tem contribuído para a queda na renda, diz ele.