Título: Dívida crescerá no mínimo R$ 130 bi
Autor: Gabriela Valente
Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2005, Economia, p. A19

Tesouro Nacional sustenta que perfil do endividamento seguirá o mesmo, com títulos de curto prazo e atrelados aos juros

A dívida pública interna em títulos públicos chegará a R$ 940 bilhões neste ano, no cenário mais otimista, o que significa adicionais R$ 130 bilhões no passivo do governo. A previsão é do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Se somada com a dívida externa, o endividamento total do governo deverá encerrar o ano entre R$ 1,160 trilhão e R$ 1,240 trilhão. O prazo médio de vencimento será de 36 meses a 41 meses. No entanto, a parcela que vence em até um ano seguirá alta, entre 34% e 40%. Em 2004, 39,3% da dívida vencia em até 12 meses. Para 2005, a previsão é que fique entre 34% e 40%.

- O alongamento deve se dar de forma paulatina - justificou Levy. - O nosso objetivo é minimizar os custos de financiamento de longo prazo e assegurar níveis de prudência de risco - afirmou Levy.

Trata-se, porém, de uma perspectiva ''otimista'', na qual não haveria choques externos, a economia cresceria de forma sustentada, a inflação estaria controlada e os juros seriam reduzidos rapidamente. Numa hipótese mais pessimista, a dívida mobiliária poderia chegar a R$ 1 trilhão, segundo o Plano Anual de Financiamento (PAF).

- Mesmo em um cenário mais conservador, continuaríamos onde estamos hoje, ou seja, não haveria uma deterioração do perfil da dívida, o que já é muito importante - disse Levy.

Segundo o Tesouro, a dívida interna indexada à Selic, que no fim de 2004 representava 57,1% do total (R$ 810,3 bilhões), deve variar neste ano de 47% a 57%. A dívida cambial, por sua vez, deve ficar entre 3% e 5% - em 2004 ficou em 5,2%. Ou seja, na melhor das hipóteses, tudo permanece como está.

Mas, segundo Levy, o governo pretende continuar a tendência de trocar ''gradualmente'' os títulos pós-fixados remunerados pela Selic e pela variação cambial por títulos com rentabilidade prefixada ou vinculada a índices de preços.