Título: Apoio presidencial renderia votos apenas se fosse exclusivo
Autor: Braga, Carlos; Vieira, Pedro
Fonte: Jornal do Brasil, 29/08/2008, Eleições Municipais, p. A4

A queda nas intenções de voto em Marcelo Crivella (candidato à prefeitura pelo PRB), registrada por pesquisa recente, pode ser atribuída à prematura entrada em cena da campanha do senador. O sociólogo e cientista político Paulo Baía avalia que com o aparecimento de novas opções no jogo político, os eleitores tendem a migrar de algumas candidaturas para outras que surgiram mais recentemente.

¿ O Crivella já vinha há algum tempo meio sozinho na frente, assim como a Jandira Feghali. Ele caiu e a Jandira não tem subido. Os outros candidatos entraram mais tarde. Quando efetivamente começou a campanha, e com a propaganda na TV, o quadro de eleitores começou a se definir ¿ analisa Baía.

Apoio com pouco voto

Para o professor de marketing político da UFRJ, Marcelo Serpa, a pela briga por uma casquinha do apoio de Lula não compensa. Segundo o especialista, apenas 5% do eleitorado são influenciados pela chancela presidencial. Serpa sugere que Crivella se concentre em trabalhar melhor o programa de TV, e exponha mais as propostas políticas, ou seja, dizer a que veio.

¿ A questão do apoio é muito relativa. O grosso do eleitorado não se guia pelo apoio do presidente. Esse grupo de eleitores é de no máximo 5%, não mais do que isso ¿ explica Serpa.

Paulo Baía segue raciocínio semelhante. Para ele, na eleição para prefeito, as pessoas querem saber quem vai cuidar melhor da cidade, da rua em que se mora. A imagem de Lula na propaganda eleitoral não seria de grande ajuda. Até porque, Baía acredita que o eleitor não gosta deste tipo de disputa sou-mais-Lula-que-você.

¿ Acho que o uso da imagem do Lula não conseguiria reverter a queda de Crivela nas pesquisas. Isso só se traduziria em ajuda real se o presidente em pessoa fizer campanha na rua ou na televisão ¿ disse Baía, apostando que Lula manterá distância da briga eleitoral do Rio de Janeiro.