Título: Escola a partir dos 6 anos
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/02/2005, Brasília, p. D3

Projeto devera beneficiar mais de 20 mil crianças

A secretária de Educação, Maristela Neves, lançou ontem o projeto que estabelece aumento de um ano no ensino fundamental, passando a incluir crianças de seis anos. Apesar de ser um benefício à comunidade, a secretaria foi vaiada na solenidade. A manifestação de irritação deve-se à dificuldade que muitos pais estão tendo de matricular seus filhos nas escolas próximas de suas casas.

Mas a partir deste ano, 52 escolas da Ceilândia irão testar o projeto por meio do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), incluindo alunos de 6 a 8 anos numa estratégia que pretende promover a qualidade da alfabetização.

Aos 6 anos, a criança entra na etapa I do BIA e começa a ser alfabetizada. Independentemente do seu rendimento, ela passa para as etapas 2 e 3 nos anos seguintes. Ao final da etapa 3, os docentes avaliam os alunos e, os aprovados, passam para a 3ª série do ensino fundamental. O estudante que não aprender a ler, interpretar textos, escrever e fazer operações matemáticas simples, como somar e subtrair , continuará no Bloco Inicial da Alfabetização.

Segundo a secretária, os professores que vão trabalhar com as crianças de seis a oito anos receberam treinamento e, durante o período letivo, vão ter formação no Centro de Referência de Elfabetização (CRA), criado para garantir a qualidade do BIA.

No entanto, os professores reclamam que não receberam qualquer tipo de instrução antes de entrar em sala de aula. O curso oferecido pela secretaria foi para 150 docentes. O projeto, no entanto, pretende atender 22.12 alunos, distribuídos por 662 turmas.

Segunda-feira começa o ano letivo e, apenas nos dois últimos dias, os diretores das escolas passaram algumas informações para os docentes.

- Querem que a gente comece a colocar o projeto em prática daqui a dois dias, mas não nos prepararam para isso - reclama uma professora da Escola Classe 56 que pediu para não ser identificada.

Segundo ela, um outro grave erro da Secretaria foi abrir as matrículas para crianças de seis anos sem ter vagas suficientes.

A idéia de expandir o ensino fundamental foi do Ministério da Educação no começo de 2004. A inclusão de todas as crianças de seis anos objetiva diminuir a vulnerabilidade a situações de risco, sucesso no aprendizado e aumento da escolaridade dos alunos. Antes do DF, o projeto começou a ser implementado em Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Sergipe e no Rio Grande do Norte.