Título: Partilha ou concessão, ainda um impasse
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 03/09/2008, Economia, p. A18

Um dos responsáveis pelos estudos que fundamentariam as decisões do governo avalia que há uma forte divisão em Brasília. "Tem gente querendo fortalecer a Petrobras, tem outros que não abrem mão do controle das reservas. No fim das contas, o modelo tanto faz, o que não pode é paralisar o processo, para não afugentar investimentos".

O estudo entregue ao governo mostra que o modelo de concessões pode ser mais lucrativo por causa dos royalties e dos ganhos que seriam obtidos com os leilões.

Como o risco exploratório das áreas do pré-sal de Santos é praticamente nenhum, a União poderia vender as concessões por bilhões de dólares. Em 2000, um bloco licitado foi concedido por pouco mais de um milhão de reais, fato criticado enfaticamente pelo senador Aloísio Mercadante em pleno debate com as petroleiras na última sexta-feira.

Interessadas em manter o modelo atual na exploração do pré-sal de Santos, as petroleiras tentam convencer o governo de que é possível manter a produção sob controle estatal mesmo no regime de concessões. O presidente da Devon, Murilo Marroquim disse na sexta-feira que a adoção de regras diferentes atrasaria a produção das áreas já licitadas.

Lobby em ação

Marroquim disse recentemente que, se fosse necessário, as petroleiras poderiam refinar o petróleo no país em vez de exportá-lo cru. Neste caso, os contratos de concessão exigiriam o processamento do óleo no país e somente derivados seriam vendidos ao exterior, como quer o presidente Lula.

Especialistas e lobistas também argumentam que a Petrobras não teria caixa suficiente para realizar os investimentos necessários, que, segundo alguns bancos de investimentos, podem alcançar o valor do Produto Interno Bruto brasileiro - US$ 1,2 trilhão. Há também uma corrente falando em aumento de capital do Estado na Petrobras, de maneira que permita à empresa desenvolver as áreas ainda não licitadas do pré-sal.