Título: Minc anuncia queda histórica na Amazônia
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 08/09/2008, País, p. A12

Só o desenvolvimento sustentável manterá a redução.

BRASÍLIA

Ao anunciar, ontem, a "queda histórica" do desmatamento da Amazônia registrada em um mês de julho, o mês mais crítico da estiagem, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que não existe motivos para comemorar. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento na região amazônica caiu 68% em relação a julho de 2007 e 62% em relação ao mês passado.

Em julho, foram constatados 323 Km² de área desmatada, enquanto no mesmo período do ano passado foram registrados 1.025 Km² de área devastada. ­

-Houve uma queda significativa. O esforço foi louvável, mas não temos o que comemorar ­- disse o ministro. ­

-Continuo preocupado porque se a gente não colocar recursos federais para o desenvolvimento sustentável, quem for reprimido de um lado vai desmatar de outro.

Entre todos os instrumentos de controle e fiscalização, o ministro destacou a Resolução Bacen nº 3545/08, do Banco Central, impede a liberação de créditos no Banco do Brasil e no Banco da Amazônia para produtores ilegais, como a de maior efeito para a queda do desmatamento em julho.

Licenciamento

Segundo Minc, a ida de agriultores às secretarias de Meio Ambiente dos Estados da Amazônia Legal em busca de licenças ambientais para suas atividades produtivas aumentou 60% depois que a resolução entrou em vigor.

O ministério divulgou, também, o número de autos de infração já aplicados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) em 2008. Foram 4.247 que, juntos, somam mais de R$ 1 bilhão em multas.

O diretor nacional de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, disse que apesar da maioria das multas não serem pagas, elas geram "um efeito psicológico de temor" que inibe a ilegalidade. ­

O nosso grande desafio é a sustentabilidade. Em 40 minutos a gente fecha uma serraria, mas não criamos dezenas de empregos nesse mesmo tempo. Precisamos de mais recursos para mantermos o ritmo heróico que o Ibama está enfrentando ­ argumentou Minc, que creditou o desafio "a todo o governo".

O ministro tentou pôr fim à polêmica sobre a liberação da cana-de-açúcar no Pantanal. A Embrapa afirma que faltam seis milhões de hectares de cana para a produção do etanol. Minc garantiu, no entanto, que as plantações serão em outras áreas: ­

-Temos 50 milhões de hectares possíveis para a cana, se só precisamos de seis, porque vamos plantar no Pantanal que devemos proteger com unhas e dentes? ­ indagou.