Título: Juiz chama sindicalistas de descamisados
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 31/08/2008, Tema do Dia, p. A2

A entrevista do juiz de Direito Marcelo Almeida de Moraes Marinho, da 24ª Vara Cível do Rio de Janeiro, sobre seu envolvimento no leilão da sede do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), arrematada pelo irmão dele, Marlan de Moraes Marinho Júnior, foi marcada pela irritação do magistrado. O juiz ameaça diretores da entidade, chama-os de "descamisados"; ofende advogados; ataca o Jornal do Brasil; refere-se à palavra "conluio", nunca mencionada nas reportagens e pronunciamentos do sindicato sobre o caso; perde-se com ela em ato falho, e é desmentido por documento que recebeu, e protocolou de próprio punho.

O juiz Marcelo Almeida de Moraes Marinho insistiu várias vezes que "jamais" houve bloqueio judicial de R$ 250 mil do saldo bancário do Sindicato, que poderia ser liberado por ele para evitar o leilão de 17 salas da sede da entidade, arrematadas em abril do ano passado pelo irmão Marlan Jr. O advogado-irmão pagou pelos imóveis R$ 280 mil, enquanto o valor de mercado era de R$ 800 mil.

¿ Nunca soube que meu irmão era interessado na arrematação. O processo que correu na 24ª Vara Cível não tem a menor conexão com o da 48ª Vara ¿ declara.

O bloqueio feito por Marcelo Almeida de Moraes Marinho, na 24ª Vara, de exatos R$ 24.081,34, foi usado para pagar dívida do Sindicato Nacional dos Aeroviários com o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Aéreos no Município do Rio de Janeiro, numa demanda sobre área de representação sindical, que se arrastava desde 2001. O juiz entrou no caso em 2006 no processo de execução da dívida.

Na 48ª Vara, o juiz Mauro Nicolau Júnior determinou o leilão das 17 salas para a quitação de dívida da entidade, de R$ 163.481,89, com o Condomínio do Edifício Inúbia, à Avenida Presidente Wilson, 210, no centro da cidade.

¿ Ocorreram duas penhoras de valores em contas bancárias do Sindicato. Uma, feita em 24 de outubro de 2006, outra dia 10 de janeiro de 2007, que somavam algo em torno de R$ 10 mil. Outras contas da entidade estavam zeradas. Jamais fiz pedido de penhora de R$ 250 mil, como esses senhores do sindicato dizem. Eles serão interpelados para confirmar que alegam que houve conluio entre eu e meu irmão. Nos vários momentos do processo, eu digo que a penhora se limita a R$ 24 mil e poucos reais ¿ afirma o juiz Marcelo, batendo a mão na mesa.

O juiz revela que tomará medidas criminais e civis contra os sindicalistas e contra o JB.

¿ Não havia dinheiro para ser bloqueado. É uma alegação espúria, leviana, de má-fé e oportunamente, eles responderão por isso. Obviamente, também serão tomadas medidas contra o jornal, os editores, os jornalistas e todos que participaram ativamente...

Marcelo de Moraes Marinho segue atacando:

¿ A reboque dessa campanha difamatória surgem descamisados, como esse senhor do Sindicato aqui (referindo-se ao presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Fernando Galdino da Silva, que revelou o caso, juntamente com a secretária-geral Selma Balbino). ¿ Levantam injustiças de outrora e levantam grandes injustiças praticadas pela minha família, mas são "descamisados". É o famoso "chororô do perdedor".

O juiz da 24ª Vara Cível lembra que se dá muito bem com o irmão, Marlan Jr.

¿ Tenho certeza absoluta que meu irmão, ao arrematar as salas, não sabia que possuía processo aqui comigo ¿ comenta.