Título: Caixa reduz taxa e fortalece o FGTS
Autor: Franco, Wellington Moreira
Fonte: Jornal do Brasil, 31/08/2008, Economia, p. E7

VICE-PRESIDENTE DE FUNDOS DE GOVERNO E LOTERIAS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Entrou em vigor uma nova medida que vai permitir ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) reduzir a taxa de administração que paga para a Caixa Econômica Federal. Essa iniciativa, pouco usual no mercado financeiro, significará uma redução correspondente a 12% ao ano, acrescentando cerca de R$ 240 milhões anuais nas contas do FGTS.

Como fundo privado, pois vive das contribuições dos trabalhadores brasileiros, o FGTS se encontra hoje numa situação confortável. São 543 milhões de contas (ativas, inativas, históricas e zeradas por saques) e um patrimônio de R$ 210 bilhões, com múltiplas operações de empréstimos, arrecadação, consultas e saques. Se fosse um banco, ocuparia o quinto lugar no ranking das instituições financeiras.

A robustez dos dias de hoje nem de longe lembra as dificuldades do passado recente. No início dos anos 90, o patrimônio do Fundo ¿ formado pelos depósitos dos trabalhadores ¿ correu sério risco de virar pó. Ficaram famosas, naquela ocasião, a paralisação dos financiamentos, os atrasos no desembolso de recursos e os empréstimos que o Fundo foi obrigado a fazer para honrar os saques em função de desemprego ou aposentadoria.

No México, na mesma década de 90, o fundo similar dos trabalhadores daquele país, chamado Infonavit, sofreu igualmente as consequências de uma administração ruinosa. Sem a garantia que o governo brasileiro oferece ao FGTS, os trabalhadores mexicanos viram seu patrimônio desaparecer.

No Brasil, o FGTS foi salvo graças a investimentos pesados em tecnologia de informação e controle, elevados investimentos em recursos humanos qualificados e a introdução de boas práticas de gestão e governança. Um bom exemplo é a dispersão que ocorria com as contas. Elas estavam depositadas em 76 bancos e eram contabilizadas pelos mais variados e diversos sistemas. Atualmente, estão centralizadas em uma única instituição financeira, abrindo espaço para um controle mais sofisticado e menos burocracia ¿ além da redução de custos, uma preocupação permanente dos administradores do Fundo.

A modernização do FGTS permite, ainda como exemplo, que 10,3 milhões de trabalhadores consultem saldos e extratos de suas contas pelo computador. Também as empresas agora processam internamente seus dados, enviando as informações por meio eletrônico. Agora, além das muitas facilidades e dos custos menores, a segurança das informações que circulam no Fundo é inquestionável.

Da mesma forma, são inquestionáveis a saúde financeira do FGTS e o fato de que atualmente os trabalhadores são melhor atendidos pela maior rede do país, presente nos 5.561 municípios, com 21 mil pontos de atendimento entre agências da Caixa, lotéricas e correspondentes do sistema Caixa Aqui, sem contar 18 mil pontos de auto-atendimento e a comodidade oferecida pelos serviços da internet.

Sem tecnologia e uma boa gestão, esse cenário seria impossível. Na área administrativa, recentemente, o Conselho Curador do Fundo aprovou a redução de juros, ampliação dos prazos de financiamento e linhas com condições específicas para os cotistas. A redução da taxa de administração é apenas mais um avanço.